Ontem eu tive um momento. Um daqueles momentos que você não sabe o motivo, como você chegou a ele, nem até onde ele vai lhe levar. Foi num instante, um lugar inusitado; como são normalmente esses momentos inusitados.
Estávamos falando sobre carros, e a maneira como dirigem os pais. Me preparei pra dizer "até hoje meu pai..." e parei no último instante, consertando: "meu pai dirigiu assim até morrer".
Aquilo me pegou de surpresa. Depois de oito anos, sentado no banco de trás, conversando sobre coisas aleatórias; eu me pego de repente falando (ou pensando) de meu pai como se ele ainda estivesse vivo. Me fez sentir por alguns segundos uma alegria imensa, uma sensação gostosa como quando ele chegava do trabalho e corríamos, eu e meu irmão, para abraçá-lo, quase o derrubando. Logo depois, veio aquela gigantesca saudade, e aquela tristeza sem nome, o vazio que se cria no seu universo único, quando alguém que lhe importa tanto, de repente desaparece, não está mais lá.
Chegamos ao Maria Bonita. Íamos jogar sinuca. Desci do carro e pedi que fossem na frente, pois eu tinha algo pra fazer. Fui até a ponta do trapiche, olhei para o céu e rezei. Entre duas nuvens eu via algumas estrelas, e conversava com Deus em voz alta, com os olhos cheios de lágrimas. Admiti depois de tanto tempo, mais para mim mesmo que para Ele, toda a minha confiança, meu amor, minha crença numa força superior.
Chorei muito. Havia muito tempo que eu não chorava como chorei ontem. Havia muito tempo que eu sequer chorava, salvo em filmes sobre pais e filhos. Este aspecto de minha sensibilidade eu nunca consegui esconder de ninguém.
Fiz um pedido a Deus e implorei que o atendesse, sem perguntar preço. Também não impus condições, prometi não ficar decepcionado se não fosse atendido, pedi perdão caso eu não compreendesse o que fosse me dito.
O celular tocou. Célia e os outros estavam na frente do carro, me esperando. Me despedi de Deus e fui até eles, sem obter resposta ao meu pedido. Célia, desconfiada como sempre, achou que eu havia desaparecido com alguma garotinha. Não sei se ela não acreditou quando lhe disse que estava rezando, ou se simplesmente achou engraçado. De qualquer modo, meu rosto molhado de lágrimas agiu em meu favor e ela não fez mais perguntas. Voltamos para casa, parando antes para comer alguma coisa. Discutimos sobre consórcios, cartas de crédito, namoradas desconfiadas, e outras coisas que me fizeram deixar de lado o meu momento sublime.
Só hoje, cansado e de ressaca, enquanto escrevia esse post, me dei conta de que meu pedido havia sido atendido: alguns minutos antes de chegarmos ao Maria Bonita, enquanto o carro fazia uma curva no morro da Lagoa e o rádio tocava "Run to Me".
Pai, eu sinto saudades.

Coisas legais para se fazer quando se está em casa...
ou: Bons motivos para continuar evitando o mundo lá fora

Barely Cooking: O típico programa que você descobre totalmente por acaso e fica totalmente (também) de queixo caído. Durante meia hora, este programa canadense apresenta receitas exóticas e com "um toque de sensualidade", por assim dizer. O grande diferencial (e atrativo) do programa, no entanto, não são as receitas, e sim os apresentadores: Eva, Gennaro, Dena e Murray, os dois casais de chefs que dispensam cerimônias e passam o programa inteiro semi-nus (trajando apenas um avental, estrategicamente posicionado). Um programa diferente, com certeza, e bastante divertido. No Casa Club, da DirecTV, sem dias definidos, normalmente à meia-noite ou à uma da manhã.



Minha casa, Sua Casa (Changing Rooms): Dois decoradores, dois casais de vizinhos, quinhentas libras (aproximadamente dois mil e quinhentos reais), um faz-tudo e uma apresentadora sarcástica. São os ingredientes que mostram quão interessante pode ser um programa sobre decoração de interiores. As regras são bastante simples: cada casal é responsável por redecorar um cômodo do casal vizinho, em dois dias, tentando não estourar o orçamento, e suportando as variações de humor do carpinteiro Andy Kane (carinhosamente apelidado por sua esposa de Handy Andy, ou Andy "Jeitoso"). Nunca se sabe qual será a reação dos participantes, que não fazem idéia do que está sendo feito em suas casas. O resultado pode ser uma agradável surpresa, ou motivo para gritos e choro. Dando um necessário ar de sanidade à coisa toda, está a apresentadora Carol Smilie, vencedora de vários prêmios da indústria televisiva. Segundo ela, o momento mais memorável do programo foi quando fizeram uma prateleira para exibir a grande coleção de taças de chá de uma das participantes e o móvel veio abaixo, destruindo a coleção de uma vida toda.


O programa é criação dos decoradores Lawrence Bowen e Linda Baker, que participam dele junto com Graham Wynne, Oliver Heath, Anna Ryder e Laura McCree. Vai ao ar de segunda a sexta às cinco da tarde, e às quintas às oito da noite, com repetição aos sábados e domingos, ao meio-dia. No People + Arts, da DirecTV e TVA.



Confissões de um chefe de cozinha (Naked Chef): Um programa um tanto desvalorizado pelo canal People + Arts (DirecTV e TVA), que o passa sem grande alarde, em horários aleatórios, dentro do bloco "O Mundo à la Carte". Jamie Oliver é o apresentador desarrumado e pouco organizado (além de meio "sujinho") deste divertido programa de culinária, onde, diferente dos programas matinais brasileiros, a comida voa para todos os lados e a cozinha termina imersa num caos total. Mais do que um chef, uma figura pop; Oliver faz questão de cozinhar em enormes quantidades e convidar os amigos para apreciarem uma "boquinha", acompanhado de uma ótima trilha sonora rock’n roll. Um dos melhores momentos, na minha opinião, foi quando Oliver foi convidado para preparar o almoço da banda Jamiroquai. O bloco "O Mundo à la Carte" vai ao ar de segunda a sexta, à uma da tarde.



Banco Imobiliário (Monopoly): Desde a infância, não havia coisa melhor pra se fazer nos dias chuvosos – quando não se podia sair para brincar – do que reunir os vizinhos e curtir uma longa partida de algum jogo de tabuleiro. Cresci, e descobri que as coisas não mudaram. Jogos clássicos como War, Banco Imobiliário, Jogo da Vida e Imagem & Ação; parecem ter todo um sabor especial quando se passa dos vinte anos. Infelizmente, com o passar do tempo alguns desses jogos foram deixando de serem fabricados, fazendo-nos ter de contar com aquele amigo que ainda tem o jogo debaixo da cama, numa caixa amassada e com algumas peças faltando. Ao menos é o que acontece comigo. "Avenida Paulista" é parada livre, pois ninguém faz idéia de onde foi parar o cartão.


Nostalgia saudável ou saudosismo idiota, o fato é que eu adoro chamar um casal ou dois de amigos (normalmente Skayller & Lili, os donos do jogo) para passar uma sexta-feira tomando algumas cervejas e jogando Banco Imobiliário até tarde. Criei uma (reincidente) paixão tão grande pelo jogo, que não demorou para que eu começasse a buscar versões dele na internet. Encontrei algumas bastante curiosas:



Banco Imobiliário: Um programa bastante leve, cerca de 400kb. Criado por Daniel Lazzari, é idêntico à versão em tabuleiro, com uma única exceção: aqui, os já conhecidos bairros cariocas são substituídos por endereços porto-alegrenses. Um tanto estranho para quem não está habituado, mas bastante divertido para quem conhece a capital gaúcha. Se houver dificuldades para encontrar o jogo para download, é só contatar o criador, pelo ICQ: 10965199; ou por e-mail: swindler@jedi.com.br.



Monopoly: Versão digital do jogo em inglês. Aqui as regras são praticamente as mesmas, porém com algumas diferenças que são mais óbvias no que se refere ao tabuleiro. Há algumas versões mais novas, que adicionam personagens animados e vídeos ilustrativos para cada imóvel, mas com o tempo essas opções extras acabam só incomodando. Eu sugiro a versão compacta, Monopoly Deluxe 1.0, que ocupa pouco mais que 5 megas, e oferece a mesma diversão.



4Play: A mais "diferente" versão que encontrei. Ótimo para se jogar em casal. Se for um casal "moderninho", podem chamar alguns amigos para brincar junto, mas eu não me arriscaria a meter minha namorada nesta suruba. Antes de começar a jogar, você deve preencher algumas opções, como nome dos participantes, sexo, roupas que estão vestindo, etc. Para completar, há uma lista de "brinquedos" (que vai de vibrador e câmera de vídeo a cordas e anel peniano) e adicionais como "opção sexual" e "nível de sacanagem" (livre tradução feita por este que vos fala). Ao invés de bairros e avenidas, os participantes disputam imóveis como "Loja de Livros Adultos", "Massagem da Betty" e "Disque-Luxúria". Na hora de pagar aluguel para sua parceira, você pode optar por pagar ou "brincar". No segundo caso, você deve executar tarefas eróticas, como iniciar um strip-tease, lamber alguma parte do corpo da parceira, ou mesmo esperar que ela tire as suas roupas. Se um dos dois envolvidos não concordar com a tarefa, há ainda a opção de "pular fora".


É um pouco chato ter de acompanhar o jogo pela tela do computador (e um tanto incômodo, dependendo do lugar da casa onde está o mesmo), mas é uma maneira divertida de apimentar o relacionamento.

A um tempo atrás descobri que os cinemas do Beiramar estão com a mesma promoção de 50% de desconto que os do Itaguaçu, só que às terças-feiras. Demorou até que eu conseguisse me aproveitar dessa mamata (na maioria das vezes dependo da disposição da Célia, e vocês sabem como ela muda de idéia rápido ;P). Pois bem, dois dias atrás levei a patroa pra assistir "Piratas do Caribe". Comemoração atrasada do Dia dos Amantes e uma espécie de compensação por uma briga feia que tivemos no dia anterior.
Me lembro do comentário do meu irmão quando foi ver o filme, umas duas semanas antes:

- Me disseram que tem umas duas mulheres gostosonas...
- Ah, é?
- ... pra cada 300 caras sem camisa!

Filmão bom hoje no Cinemax. Célia roncava ao meu lado enquanto eu matava a saudade de Superman. Um clássico. Definitivamente, é difícil imaginar alguém que encarne melhor o personagem do que o Christopher Reeves. Quando vejo os rapazotes que a Warner vem escolhendo para o novo filme, fico deveras decepcionado. Chego a concordar com a idéia que circula por aí de que deviam fazer do novo filme uma continuação de Smalville. Há um background todo preparado, a imagem dos atores já está fixada na mente do público e a associação destes com seus personagens tornaria a idéia muito mais viável que as toscas idéias hollywoodianas que venho ouvindo.
Voltando a falar de Reeves, outro dia assisti com a Célia um documentário sobre o cara. Pra quem cresceu vendo Reeves voar pelos céus e inverter a rotação da Terra, a imagem dele lutando para mover um dos dedos da mão é digna de lágrimas.
Para mesclar ainda mais a lenda com o ser humano, reeves é um dos maiores ativistas pela clonagem humna. A luta de Reeves tem a ver com as células-tronco embrionárias. Estas células possuem uma capacidade única de se diferenciarem de todos os tipos de tecidos. Quando coletadas de embriões muito pequenos, são ainda mais flexíveis, podendo se transformar em qualquer outro tipo de células. A grande polêmica em torno das células-tronco é sua origem: comumente de embriões abortados ou descartados de programas de fertilização. Podem ser extraídas também, no entanto, de cordões umbilicais e dentes de leite.
A saída exigida pela comunidade científica para adiantar a pesquisa das células-tronco tem a ver com a clonagem de embriões humanos, mas infelizmente - com excessão do Reino unido, que inclusive criou o primeiro banco de células estaminais do mundo e já iniciou a "fabricação" de células-tronco - país algum no mundo legislou ou mesmo assumiu posição precisa quanto à clonagem. É uma batata quente saltando de mão em mão, e ninguém quer arriscar dar a declaração errada. Portanto preferem ficar calados.
Se bem sucedida, a pesquisa para criação de células-tronco em laboratório poderia curar diversas doenças degenerativas, como diabetes e mal de Parkinson. Além da lesão que paralisou completamente reeves.
Onde isso se cruza com a lenda so Superman? Em vários pontos. Na clonagem. Na ética da ciência. Na polêmica. É só escolher.
Explicando: segundo antigas histórias do personagem (vamos ignorar as mais recentes, que mais complicam do que explicam coisa alguma), a milênios atrás, houve uma grande guerra em Krypton, planeta de origem do herói azulão. Essa "Guerra dos Clones" (não confundir com a guerra clônica de Star Wars) tinha por motivo a ética (ou falta de) dos cientistas kryptonianos, que clonavam seus semelhantes para "peças de reposição". Se um kryptoniano perdesse um membro em um acidente, ou precisasse de algum transplante, este órgão seria retirado de uma fonte totalmente compatível: seu próprio clone. Depois de anos em guerra pelos "direitos dos clones", um grupo extremista criou um aparato que daria fim à luta: o Erradicador. Esta arma poderosa causou grande destruição, além de provocar uma reação em cadeia no centro do planeta, que dois ou três mil anos depois, levaria à destruição do mesmo. Não obstante, o Erradicador viria a ter grande participação na vida do Superman, sendo o responsável pela construção da Fortaleza da Solidão e inclusive substituindo o azulão durante o período em que esteve morto.
E hoje vemos um Superman debilitado, mas ainda cheio de coragem, conclamando que as pessoas discutam sobre a mesma ética científica que nos quadrinhos causou tanto mal. O grande diferencial é: ma vida real, nos vemos obrigados a concordar com ele.

aparentemente o Ilhéu começou com uma nova política de re-elitização do local. Não é exatamente uma surpresa perceber que, ao invés de tentar elitizar pelo poder aquisitivo, decidiramtentar pela idade. O negócio é o seguinte: na entrada um segurança mal-educado pergunta se você e seus acompanhantes têm mais de vinte e um anos e pede devida identificação. Se comprovada a idade, beleza. Aproveite a noite. Caso contrário, você também entra, só que pagando! Não sei se consigo entender bem a mensagem que tentam passar. Menores de vinte e um têm dinheiro para jogar fora? Menores de vinte e um não se importam em pagar entrada para um lugarzinho apertado, sem ambiente que justifique esta entrada? Ou simplesmente eles devem achar que menor de vinte e um é tudo marmanjo, mal-encarado, contando as moedas pra tomar cerveja; e "ah! essa é uma ótima maneira de mandá-los embora".
Deve ser esta última.
Segundo ponto da minha crítica, tem exatamente a ver com o segurança citado. Todos nós necessitamos de certos serviços, que nos são prestados por outrem, sejam estes serviços indispensáveis ou não. Diversão, entretenimento, na minha opinião, é indispensável. Você fornece uma certa quantia de dinheiro em troca de um serviço equivalente. Isto faz de você um consumidor. A partir do momento em que você usufrui deste serviço com frequência, criando um laço com o fornecedor, uma frequência; você ultrapassa a definição de consumidor. Você é cliente. De "carteirinha", por assim dizer.
Quando este serviço abruptamente deixa de ser prestado, sem maiores explicações que "novas regras da casa. Desculpe"; você tem todo o direito de rodar a baiana.
E foi o que a Lili fez hoje. Rodou a baiana. Chamou o Ilhéu de espelunca, se recusou a pagar a entrada, e convidou a nós (que estávamos já dentro do bar) a irmos para outro lugar. E aí entra o grande erro do segurança, que desconhece que alguém de sua posição, desempenhando uma função como a sua, precisa ter o tempo todo algo que chamamos de postura. Este segurança não a tinha.
Ficou ofendido, pediu que chamassem o proprietário da casa, e foi o mais grosseiro possível. A vingança vem a cavalo, dizia o outro, e o proprietário permitiu que Lili e Skayller entrassem; enquanto ele, por sua vez, permaneceu lá fora para discutir certos "detalhes" com seu empregado.
E seguimos com o terceiro ponto de minha crítica ao novo Ilhéu, que se refere a outra novidade do mercado. A Nova Schin. Uma cerveja meio aguada, sem lá muito gosto. Mais leve, admito, mas sem a menor graça - que mesmo a velha não tinha, mas almejava melhor que a atual. Antes tomávamos Bohemia, estupidamente gelada e descendo suave pela garganta, fazendo-nos sentir aquele sabor msmo depois de um discreto "ahh!". Agora tomamos Nova Schin ou Primus. A promoção duas por uma ainda continua. O preço, também. Preço, aliás, que não merece uma caixa inteira que fosse da nova cerveja.
E então mandamos a lenga-lenga às favas e passamos a narrativa para a parte boa da noite: quando deixamos o Ilhéu.
Bebi uma cerveja. A outra entreguei para o Varda. Não tinha muita coragem de beber aquela urininha gelada de novo, e também tinha pressa de deixar o local. Acabamos por parar no Botequim, a uma quadra de distância. O lugar onde pagamos um pouco a mais por certos drinques, mas em termos de serviço e simpatia, são centavos extras muito bem gastos. Desde o segurança na porta ao mais tímido dos garçons, são todos simpaticíssimos. Sorrisos o tempo todo, brincadeiras, piadas. Quando surpreendemos a Lili com chapéus de aniversário, podíamos perceber que nas mesas próximas as pessoas riam, não de desdém, mas por entrarem no clima. Perguntamos sobre alguma "promoção" para aniversariante, e um garçom disse que iria verificar. Depois de alguns chopps, uns dois drinques, um "parabéns a você" e uma conversa muito gostosa, nos preparamos para dar continuidade à noite em outro lugar, quando o mesmo garçom se apressou em nos imterpelar:

- Já estão indo?
- Já. Por quê?
- Eu tô preparando um drinque de aniversário pra você.
- Ah! então a gente fica!

O drinque era o Botequim, em pessoa. À moda da casa. Com muitos morangos e uma fatia de maçã. Não sei dizer o que havia dentro dele, em termos de bebida alcoólica, mas criou quatro novos fãs. Já sabemos o que pedir quando voltarmos lá.
A próxima parada se deu no Café Marrocos, perto da Bocaiúva. Tanto tinha ouvido falar do lugar, nunca havia tido a chance de conhecer. Muita fumaça com cheiro de rosas, tequilas sunrise ou meramente tequilas, variando do gosto de cada um. Mais algumas cervejas, um drinque chamado "Love", bolinhos vegetarianos e rodízio de comida árabe. Pouco depois da meia-noite, quatro bolinhas deixavam o recinto, ora pulando, ora rolando mesmo. Uma das noites mais caras de minha vida, e com certeza uma das melhores. Só para não perder o hábito, fizemos amizade com o garçom. Para criar um novo hábito, fizemos amizade com o proprietário. Pra não nos enganarmos com a fantasia da noite, uma última ação provaria se temos classe ou não: da comida que sobrou, trouxemos para casa em quentinhas.

Célia se remexe na cama...

- Água!

Penso um pouco antes de me manifestar.

- Peraí... Tu quer água ou tá falando enquanto dorme?
- Suco!
- Suco ou água?
- Suco!
- Por um acaso tu conhece outra palavra que não seja "suco" ou "água"?

Célia pára um pouco pra pensar.

- Suco!
- Que tal "beijo"?
- Suco!

Corro na cozinha e vejo que a jarra de suco está vazia. Encho um copo d'água e levo para o quarto.

- Não! Suco!
- Não tem suco.
- Tem sim!
- Acabou. Trouxe água porque tu tá com muita sede. Não quis perder tempo preparando mais suco.
- Suco!
- Tá bom, tá bom.

Volto com o suco. Célia abre um largo sorriso.

- Suco!
- É... Suco...
- Beijo!

Eu a beijo.

- Namorado!

Sento do lado dela, que aumenta o sorriso e exibe o copo.

- Suco!

Diálogos memoráveis da história humana

Capítulo I - Eu e meu sogro

- Bonito, hein? Passaram a tarde toda na cama.
- É domingo, seu Irandy.
- E daí que é domingo? Vocês só dormem, parece que não sabem fazer outra coisa! O que vocês esperam da vida?
- Eu, pelo menos, espero poder dormir até a hora que eu quiser nos domingos.

Capítulo II - Eu, Averon e Taylor

Taylor: Cara, eu acho um desperdício quando eu vejo isso!
Zunto: O quê? As lésbicas ali?
Taylor: Fala baixo!
Zunto: Ué! Qual o problema?
Taylor: Problema nenhum! Quer dizer... Se eu tiver no meio, tudo bem!
Zunto: Rapaz, tu é muito estereotipado, sabia?
Taylor: Ei! eu só falei que acho um desperdício. Não que tenho preconceito, nem...
Zunto: Tu sabe por acaso o que é ser estereotipado? Não te xinguei, só falei que tu segue um estereótipo! Sabe o que significa estereótipo?
Taylor: Er... Olha... Eu acho que eu sei. Mas de repente o significado que eu penso é diferente do teu...
(Averon disfarça os risos)
Zunto: Estereótipo é uma característica que várias pessoas seguem igual. Ou melhor, um conjunto de características pelas quais você define um grupo de pessoas...
Averon: Um modelo!
Zunto: Isso! Um modelo! Um modelo de comportamento, por exemplo. Estereotipado é quem segue o mesmo modelo que um monte de gente. Segue um estereótipo.
(Taylor faz cara de desentendido)
Zunto: Tu, por exemplo, segue um estereótipo clássico: o do homem que não gosta de ver duas mulheres se atracando a não ser que ele esteja no meio. Conheço trocentos iguais a ti.
Taylor: Anh... Ah... Tá. Mas vê se eu não tô com a razão... Tu ia gostar de ver a tua namorada beijando outra mina?
Zunto: Peraí...
Taylor: Não mente! Eu sei que tu não ia gostar.
Zunto: Em primeiro lugar, é sabido que minha mulher não gosta dessas coisas.
Taylor: Tá! eu sei. Mas tu ia gostar?
Zunto: Não, não ia, óbvio. Assim como não ia gostar de ver ela beijando um cara!
Taylor: Viu!? Que que eu falei?
(Averon e Zunto tentam segurar o riso, com pouco sucesso)
Zunto: Tá bom, Taylor. Então digamos assim. Se você tivesse uma namorada, ia gostar de vê-la beijando outro cara?
Taylor: Claro que não!
Zunto: Então tua teoria é completamente furada!
Taylor: Ah! Tu não sabe discutir!
Averon: Claro que sabe! Ele só desvalidou o teu exemplo.
(Taylor tropeça nas palavras sem querer admitir que não entendeu)
Taylor: O que eu quero dizer, é que elas quebram o padrão!
Averon: Que padrão?
Taylor: O padrão natural, ué.
Zunto: E o que é natural pra você?
Taylor: Tu lê a bíblia? Fraquenta a igreja? Aposto que tu não é um cara religioso.
Zunto: Não sou mesmo.
Taylor: Tá. Nem eu.
(Averon cai na gargalhada)
Zunto: Qual o teu ponto então?
Taylor: A sociedade diz que tá errado.
Zunto: Aí é que tá. Sociedade. Moral e bons costumes. O antigo testamento foi escrito a quanto tempo? Cinco, seis mil anos?
Averon: Sei lá! Um monte!
Zunto: Pois então. Encontraram um homem pré-histórico, perfeitamente congelado, de catorze mil anos...
Taylor: Catorze milhões, tu quer dizer!
Zunto: Não, cuzão. Catorze mil mesmo.
Taylor: Ah, tá...
Zunto: E ele tinha esperma no ânus! E aposto que ele não lia a bíblia!
Averon: Tudo o que se diz "correto" é algo imposto pela sociedade.
Zunto: Isso! Tu só usa roupas porque a sociedade te diz que é errado passear por aí peladão. Vamos falar de animais, então. Animais lêem a bíblia?
Taylor: Anh... não...
Zunto: Pois é. Eles não têm um comportamento influenciado por uma sociedade. É tudo puro instinto.
Averon: Golfinho faz até sexo oral. é um bicho muito safado.
Zunto: Golfinho faz até orgia! Já foi comprovado que até leão dá o rabo! E tu vem me flar de "natural"?
Taylor: Ah, vocês não sabem mesmo discutir! Aí tu já tá impondo a tua opinião!
Zunto: Não tô impondo nada...
Taylor: Tá sim! Tu tá impondo a tua opinião em cima das dos outros! Não quero mais discutir!
(Zunto e Averon permanecem calmos e impassíveis, apesar da vontade incrível de rolar pelas escadas rindo sem parar)
Zunto: Não, cara. Só te mostrei fatos.
Taylor: Fatos!? Que fatos? O do leão? Então tá!
Zunto: O fato do leão dar o rabo, o fato do golfinho fazer suruba, o fato do homem congelado ter esperma no ânus, o fato disso ter acontecido muito antes da bíblia ter sido escrita...
Taylor: Anh... Ah, tá...
Zunto: Não tem nada de errado em duas mulheres se beijando!
Taylor: Não. Eu concordo. Não tenho nada contra elas. Mesmo por que, eu adoro ficar com meninas lésbicas, já fiquei com várias.
Zunto: Então elas não eram lésbicas.
Taylor: Tá... Bissexuais, que seja. Quer dizer... Não! Teve uma que eu fiquei que era lésbica, mesmo. Só que ela quebrou o padrão dela, ficando comigo.
Zunto: Ah! Então ela tinha um padrão!
Taylor: Tinha, claro.
Zunto: Então aquelas duas ali podem perfeitamente ter um padrão, o de só ficar com mulheres, e não quererem quebrá-lo!
Taylor: Claro! Mas elas já devem ter ficado com homens.
Zunto: E por que?
Taylor: Ah... Por que senão como elas vão saber que só gostam de mulher?
Averon: Tu gosta de homem?
Taylor: Eu não! Credo!
Averon: Como tu sabe?
Taylor: Porque... Anh... Peraí! Tu é heterossexual?
Averon: Sou.
Taylor: E tu?
Zunto: Também.
Taylor: Então pronto! Acabou a discussão.
Zunto: Que seja...
Taylor: Mas que eu acho um desperdício...

Capítulo III - Eu e minha namorada

- Que filme é esse?
- Um filme de pancadaria chinês.
- É sobre o quê?
- Não faço a mínima idéia. Faz tempo que desisti de entender a história, e só tô curtindo os tiros e explosões.
- Ahn... Não tem nada melhor passando?
- Não. Esse filme é muito foda.
- Tá... Mas... E nos outros canais, o que tá passando?
- Sei lá. Mas desse filme eu não tiro. Tá vendo aquele cara? Ele é quase o Homem-Aranha! Ele faz milagres com aquela cordinha.
- Ah, tá...
- Agora a pouco aquele outro ali quase espancou um carinha com uma marreta. Sabe, aquelas de derrubar parede.
- Eles tão falando espanhol?
- É! Alguns deles falam espanhol, outros falam inglês, e uns poucos falam chinês.
- Tá... Eles são japoneses...
- Chineses.
- Tá... Chineses. Que falam espanhol.
- Isso.
- Por que?
- Por que eles são de Aracaju.
- Anh? Fala sério, Felipe.
- Não! Eu tô falando sério! Eles são de aracaju!
- Ai, Felipe. Tô te perguntando! Fala a verdade!
- Mas é verdade! Assim... Uma hora o carinha fala "tem essa praia, que fica na américa do sul e se chama... bom eu não sei como se chama". Aí mostra o mapa do Brasil, passando por um monte de praia, mostra Fortaleza, mostra sei lá mais que cidades, e aí aparece em vermelho: "aracaju". E pra não deixar dúvidas, aparece bem grande no meio da tela, "aracaju", e uns carinhas vestidos com roupa da swat no meio de uma tempestade, e um carinha falando no rádio "ventos de sei lá quantos quilômetros por hora", e só então eu percebi: ele falava em espanhol! E os carinhas da swat também!
- Ah, só... Tudo bem se eu voltar pro computador?
- Vai lá.

Blogue abandonado às traças. Talvez fosse bom postar alguma coisa antes que ele fosse invadido pelo MSB. Piada tosca. Não reparem.

* * *

Planos para o bar andam bem. Agora somos em três sócios. A meu ver, competentes e responsáveis. O grande problema é que ninguém tem conseguido ficar sóbrio o suficiente pra discutirmos o negócio com calma.

* * *

Amizades andam melhor ainda. É bom descobrir isso, que ao se isolar de muita gente, se afastar de certos grupos e círculos, aqueles que realmente importam não te abandonam. Nesses momentos você acaba descobrindo amigos que nem sabia que tinha. Ninguém me deu uma grande ajuda ou um grande conselho qu mudou a minha vida. Simplesmente por estarem lá, já se mostraram pessoas maravilhosas. Valeu, galera.

* * *

Assumi as finanças da casa. Foi bom pra ver que o negócio não é tão simples. Esse último mês gastamos de mês. Esse próximo vai ser com o cinto apertado.

* * *

Festinhas! Como não falar delas? Duas sextas atrás fomos na Lagoa, eu, Célia e Varda. Cervejinha gelada, som legal pra dançar, pessoas estranhas. Varda conseguiu a façanha de quebrar a cêmera digital durante uns malhos que deu. Célia ficou com ciúmes porque tirei muitas fotos de determinadas pessoas.
No dia seguinte foi dia de bebedeira na casa do Skayller. O Negão, mais pra lá do que pra cá, abraçava a garrafa de Johnnie Walker e elogiava o seu novo amigo "Reeed Labelll". A Mila, horrivelmente loira, contava histórias de abuso sexual e repetia várias vezes que seu pai era amigo do cônsul do Peru. Quase todos na festa a ignoravam. Miojo e Dinha deixaram eu e Céliaperto de casa. Nenhum dos dois conseguia caminhar muito bem. É divertido voltar a beber.
Segunda, dia de aula. Faltei à última para chegar no Ilhéu antes das dez. Varda reclamou do serviço a noite toda e ainda quis passar sermão no garçom antes de sairmos. Embaixo da nossa mesa havia um estoque com umas oito garrafas antes de fechar o horário da promoção (peça uma leve duas). Torrei uns quinze reais em salgadinhos no posto de gasolina. Mais uns vinte em cerveja. Varda não quis dormir aqui em casa e pagou a viagem pro Skayller dar uma de taxista.
Chegamos enfim à sexta-feira, última. Banco imobiliário e restos de bebida. Um pouquinho de uísque, um pouquinho de gim, um pouquinho de conhaque, um pouquinho de cachaça... Um pouquinho de tudo. Lili e Skayller trapacearam o jogo inteiro e monopolizaram o mercado.
No sábado, foi dia de Bafão. Me arrependo de não ter ido antes, apesar dos convites. Já cheguei em Blumenau completamente torto, cheio de hametomas por ter caído no ônibus, e fui inventar de fazer a barba no banheiro do Shopping. Pobre decisão. Só na segunda-feira fui reservar algum tempo pra deixar tudo mais, como posso dizer... reto!
Célia teve um ataque de ciúmes porque uma PDX estava dando em cima de mim. Quando conseguiu se acalmar, foi a vez da mesma garota avançar na Célia. Passou por trás dela, sutilmente, e meteu aquela mãozada no peito dela. Na pista, com todo mundo, me virei para a garota e disse:

- Se que tás ferrada, mas se tu meter a mão na minha mulher de novo, eu é que te meto a mão na cara.

Nossa. Violência, não? :)

* * *

E chegamos de volta à segunda-feira. Karine (a apixonada por Tatu que senta atrás de mim) me pediu pra ir com ela até o Bob's no recreio. Lá encontrei o Dalua, com vários anúncios debaixo do braço (Casas Bahia, Koerich, Kilar, etc) para pesquisar preços de geladeiras. Conversei muito com o cara, e resolvi matar a quarta aula pra continuar o papo. Quando pretendia voltar para a última, encontrei com o Robô no meio da rua. Num acesso de cafetão, abraçou a garota que estava com ele e ofereceu: "Essa é minha irmã! Tão afim? Só três pilas!"
Adivinhem quem era a garota? Dou uma dica de três letrinhas: PDX.

* * *

Acabei não indo à aula mais. Beberiquei umas cachaças na escadaria do Rosário e ri muito. Quando se aproximou de umas nove e meia, resolvi ligar pra Célia. A última vez que bebi com o mesmo pessoal, levei grande esporro por não tê-la chamado. Resolvi não arriscar e liguei:

- Célia? bota uma calça e vem pra escadaria.
- Porque?
- Tamo bebendo. Vem logo!

* * *

Parazitta só esperou a Célia chegar. Tinha de se mandar cedo. A Célia, aliás, chegou no meio de uma conversa meio constrangedora:

- Nem vem com essa! Eu comi quando ela já tava... Opa... Vamos mudar de assunto que minha mulher chegou.

* * *

Nesse dia ouvi falar de novo da Laura. Há tempos que eu não a vejo. Uma gordinha da Escola Técnica disse que já havia ouvido falar de mim. Logo quem contou... Comecei a narrar a lenda da "cartinha" (uma certa carta de amor que a Laura me entregou uns quinze minutos antes do Foca me contar que ele e o Daniel tinham feito sexo anal com ela no dia anterior), mas a gordinha já sabia de cor.
Aliás, pelo que ela diz, a Laura até hoje anda com uma cópia da mesma carta no bolso, pois sabe que a original eu joguei fora.
Vá ser obcecada assim na pqp...

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Walério virou nerd. Agora usa mirc, brinca com o fotoshop e tem seu próprio fotolog. Cada um que entra no estúdio ele anuncia: "fotolog.net/tocha666! Porque eu sou malvado!"
Isso quando não está tomando tapa das meninas por fotografá-las desprivinidas.

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Vamos falar de Cooperativa, então. Finalmente entrei nas negociações e a partir do próximo mês vou estar pagando minhas cotas. O número um deve sair até o fim do ano, e há uma possibilidade de ser lançado pela Ópera (apesar de estarem com o pé um pouco atrás pelo tema que escolhemos trabalhar: super-heróis).
Se eu conseguir convencer o Walério. Saio no número dois, com o "Galo Galáxico".

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Além disso, estou trabalhando com o Erick num pré-roteiro para "Raio Negro & Velta". Deveria ser um grande crossover entre os dois personagens, mas pelo que foi dito até agora, estamos nos centrando mais na reapresentação do personagem de Gedeone Malagola, que não é publicado a muito tempo.
Claro que há o detalhe que não podemos viajar muito na maionese, já que o projeto depende da aprovação do Gedeone. Só no meio da minha rgumentação que fui me lembrar "putz! A Velta também faz parte da história!"

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Alguns meses atrás, na cozinha aqui de casa, tive de ouvir minha mãe dizer:

- Nenhum dos meus filhos até hoje completou o segundo grau direito. Acho que eu nunca vou realizar o meu sonho de ver um filho se formando.

Pois bem. Minha formatura é dia vinte e um de dezembro. Com direito a culto, colação de grau e baile. Pra arrecadar a grana da festa, vou ter de vender rifa (eita!), mas já estou planejando outras saídas. Vou ter cerca de trinta convites pra distribuir. Grande notícia! Haviam nos dito antes que seriam dez.
Como disse o Mário, o bukowskiano que senta do meu lado e é a cara do Simoninha, pra alguns, formatura é como festinha de debutantes. Portanto, pra juntar o povo que quer formatura e o que só quer encher a cara, provavelmente devemos fazer um churrascão. O Afonso (coordenador) já se dispôs a pagar a birita.

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Quinta-feira parece que rola Coda no CIC. Apesar dos convites constantes do Celinho (que toca na banda e é meu professor de inglês) pra que todos os alunos compareçam; temo não ter condições financeiras até lá. Uma pena. Brincando, Blumenau custau mais de setenta reais pra mim e pra Célia.

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Aliás, o Celinho me conseguiu umas informações valorosas, como o preço de locação do CIC: dez mil. Esse tipo de informação será muito útil para o que planejo pro verão. Não que eu vá conseguir juntar grana pra jogar Wax Poetic no CIC, mas vale a pena tentar.
Ah... Já falei que o Wax Poetic vem ao Brasil? :)


 

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