Ligo para minha sogra, atende minha cunhada, com aquele grande carinho e educação, com o qual estamos acostumados:

- Tu é um filho da puta! Eu não acredito que tu pegou meu livro!
- Anh... Tá, tá! Depois eu falo contigo. Chama tua mãe que eu tô com pressa.

Célia tá doente, e eu precisava do nome de um remédio. Minha sogra repetiu o nome umas seis vezes, até soletrou, e nada de eu entender o que a mulher falava. Resolvi arriscar um conselho farmacêutico, e a moça da Fusesc acabou me indicando um antiséptico sei lá das quantas. O resultado do coquetel de remédios que venho administrando nela poderia ser melhor, se ela parasse de colocar tudo pra fora de quinze em quinze minutos.
Cara, tô começando a ficar bem preocupado com essa menina...
Bora dar uma de enfermeiro!

Semana passada me baixou uma luz. Sentei à mesa da sala e comecei a rabiscar sem parar. Devo ter feito uns oito ou mais uniformes diferentes para a Mulher de Lua. Desenhei Mustafá e O Inquisidor, futuros aliados. Desenhei Penélope, fiel ajudante da nossa heroína (por enquanto só minha, na verdade) e até arrisquei umas duas tentativas num cachorro lunar.
Improvisei uma mesa de luz, colocando um abajur debaixo do tampo de vidro da mesa de jantar, e o resultado saiu melhor do que eu esperava. Isso me permitiu ser mais fiel ao traço "Bruce Timm" que resolvi (por conveniência e até um pouco de vício, antes de perceber o quanto se encaixava na história) dar aos personagens. Me deu também a oportunidade de trabahar melhor nas cores e nas roupas, sem me preocupar tanto com falhas de anatomia (que, tanto nesse caso quanto num desenho vetorial, haveria uma culpa maior do desenho original do que da minha mão, por assim dizer).
Tudo o que eu queria era correr ao scanner e jogar todos os rascunhos de uma só vez para o Alessandro, Emir, WC e quem estivesse passando pela lista Ab_Velta. Pra minha infelicidade, foi aí que começaram os problemas.
No meio do scanning, tudo ficou preto. Mese daqui, mexe de lá, e nada do scanner voltar a responder. Um par de reinicializações e apertos na porta de impressora depois, e o computador começou a travar. Travou umas quatro vezes antes de começar a reiniciar sozinho. Reiniciou umascinco vezes antes de começar a teimar em não ligar. Teimou umas três vezes antes da minha conexão sair pra tomar um cafézinho e eu passar quase a semana toda sem internet.
E era aquele martírio: ligar e ter de aguentar o modo de segurança. Reiniciar em modo normal e esperar dois anos pelo scandisk. Chutar a parede quando o computador reiniciava antes de abrir o windows. Tentar descobrir o que significava os apitos da torre quando ela resolvia não ligar, e por que cada vez era um apito diferente. Entrar em desespero quando nem apito ela dava.
Ontem pela manhã resolvi tentar de novo. Havia passado boa parte da sexta-feira e o sábado inteiro sem nem chegar perto desse monstrinho que por pouco não voou janela abaixo. Ligou. Não travou. A internet voltou. No fundo acho que devia ser estresse. Ele só precisava de um pouco de descanso. O scanner ainda não funciona, mas eu é que não me arrisco a mexer nele de novo depois de todo esse sufoco.

* * *

Descobri que o Eudes postou duas imagens d'Os Marcianos no Rapadura enquanto eu estava naufragado. Legal isso. O Eudes tem um público diário bastante cativo, e isso significa que uma meia dúzia de gatos pingados extra passou por aqui essa semana. Um deles foi o Paulo Antunes, que descobri que colaborou com a Mosh. O cara tem um traço muito maneiro, bem puxado pro cômico, mas sem muitos exageros que tenho visto por aí nos últimos tempos. Paulo, tô procurando desenhistas pr'Os Marcianos. Se tiver interessado, é só mandar um e-mail. O pagamento é o pior possível, mas a troca de experiências é boa e a equipe é das melhores (tô falando dos outros desenhistas, mesmo).

* * *

Como a idéia a princípio era publicar RA junto com Os Marcianos, fui atrás de quem talvez pudesse me tirar umas dúvidas. Mandei um e-mail pro Lalo perguntando se dava pra fazer o contato com os caras, e se ele achava que eles iam espernear muito. A resposta a essa última pergunta não foi das mais incentivadoras (apesar de ser apenas a opinião deles. Ainda não fiz o contato com os doutores de lá), porém o e-mail voltou com ótimas notícias. Parece que o ESC ganhou uma versão 2.0 e levou de brinde um carro pra comemorar a maioridade. Esse carro é a editora Mepaba, fundada pelo que pude notar, pelo Lalo e pela Mai, além de um terceiro nerd não citado. A idéia é publicar quadrinhos RPG, o pacote completo, e o Lalo já me deixou com as orelhas em pé de curiosidade quando falou do nosso antigo projeto, o HQ. Parece que dessa vez sai. Quando sair algo mais concreto, vou pedir ilustrações pra todo o povo das listas. Sou cara de pau, mesmo... E daí?

* * *

A Célia tem certos problemas pra pegar no sono. Constantemente ela me pede que conte números primos em voz alta ou conte alguma história de ninar. "Você vai ser um ótimo pai pros meus sobrinhos", disse minha cunhada. Talvez pudesse ser... Não fosse o fato de que sou absurdamente relutante nessa minha nova função. Quando me curvo à insistência daquela a quem dói dizer não, me atrapalho nas palavras, esqueço da continuidade, peço desculpas e digo que depois vou ler a história pra me lembrar melhor dos detalhes. Uma ótima saída é a leitura. O primeiro que li para ela foi Irmão Grim, Irmão Grim, e comecei a narrativa pelo telefone, quando eu estava longe demais pra botá-la pra dormir. Depois, durante uma semana ou mais, li Ali Babá e Os Quarenta Ladrões. Tentei ler uns dois contos que achei na internet, mas não obtive o mesmo resultado. Acho que vou dar uma geral pelos brechós procurando alguma daquelas coleções ilustradas, que vinham com Pinóquio, Pequena Sereia, etecetera.

* * *

Esta última semana tentamos algo diferente, e comecei a ler Merrick para ela. Ontem ela se virou para mim e admitiu:
- Isso tá um porre!
- Mas... Você que pediu pra eu ler esse...
- Eu sei, mas... Essa mulher é muito chata.
- Tudo bem. Ó! Fechei o livro, nem marquei a página em que a gente estava.
É. Anne Rice definitivamente não é a melhor opção de história de ninar.

* * *

Depois que eu colocava o livro na cabeceira e via Célia mergulhar no sono profundo, corria para o outro quarto e acendia a luz. Esses pequenos momentos depois que ela dorme, ou enquanto ela trabalha, são os poucos em que posso ler algum livro sossegado, com calma.
Não que a presença da Célia me incomode, mas ela exige total atenção quando está comigo. Eu sou um grude como ela, talvez até pior, mas ano passado não li nenhum livro por inteiro (tirando Justiceiros, sumariamente afanado do ex-namorado dela) devido a essa dedicação incondicional, e eu simplesmente piro se ficar muito tempo sem ler um bom livro. No momento estou lendo Memnoch. Passei uns dois meses vendo aquele livro permanecer estático sobre a mesa do telefone, na casa da Célia, e resolvi surrupiá-lo por uma semana. Quando a Célia for passar em casa de novo, vou pedir pra delicadamente deixar no mesmo lugar onde estava antes. Aposto que ninguém irá notar.
Livrinho bonzinho. Gostoso matar a saudade dos personagens das crônicas vampirescas. Lestat, no entanto, está mais babaca do que nunca. Chora o tempo todo e só falta gritar "Bate e me chama de Bete". É daquelas histórias que você tem de filtrar muito pra poder dizer depois que gostou. Roger é bom. Dora é bom. David é bom. Lestat tentando se concentrar em Dora enquanto pensava em lamber sua boceta menstruada definitivamente não é bom. Lestat apertar a mão de Deus e chupar o sangue de Cristo é péssimo. Bom, só pra dar risadas mesmo. Tenho feito resumos diários para a Célia, a medida que avanço na narrativa. Isso tem substituido as histórias de ninar, em algumas ocasiões. O último resumo causou reações divertidas.
- Não adianta, fofinho. Essa mulher tava muito chapada quando escreveu esse livro.
- Ela já nasceu chapada, amor.

* * *

Minha cunhada lê o blogue. Será que ela vai ficar indignada quando descobrir que o livro está comigo?

Enfim consegui falar com o meu tio. Tôu arrastando os dois, ele e minha tia, pra festinha do Averon hoje. Noite promete ser interessante.

A misteriosa Mulher de Lua




A Mulher De Lua, sozinha. Tirando os micro-heroes que fiz para ilustrar a primeira versão do roteiro, este é o primeiro desenho que fiz da personagem. A pose é de um desenho da Batgirl, do Bruce Timm.



A idéia desse desenho era mostrar todos os membros dos Marcianos numa situação mais... anh... Íntima. Mas não tive paciência de procurar bons desenhos para usar como base para os personagens masculinos, e me limitei às moças. Ambas as posições foram tiradas de desenhos do Bruce Timm.



A Mulher de Lua novamente, dessa vez mais "confortável". Queria fazer algo parecido com o papel de parede que fiz do Homem Lua, mas o resultado não saiu o esperado. Acho que a ausência da roupa vermelha deixou a imagem meio morta, opaca. Mais uma vez, o desenho original é do Bruce Timm.

Às vezes um livro marca você. Se você levou mais de um ano, por exemplo, para lê-lo, é capaz que isso ocorra. Se você começou a lê-lo na época em que começava um relacionamento novo, e não conseguiu terminá-lo pois estava maravilhado com este relacionamento tão perfeito, e quase não tinha tempo para abrir o livro, de tão absorvido que estava am fazer companhia à pessoa amada; então é provável que esse livro marque você.
Se você foi o único da sua família a lê-lo sem achar a narrativa difícil, a trama complicada, ou o prólogo cansativo; é quase certo que ele marque você.
Agora, se você vira a última página e não consegue acreditar que levou tanto tempo para ler uma história tão boa, e corre para a internet pesquisar sobre as mil-e-uma referências usadas pelo autor, além de desperdiçar linhas e mais linhas na sua página pessoal elogiando o livro e copiando trechos dele; definitivamente este livro marcou você.

Os Winshaw

O Legado da Família Winshaw é um forte documento da história sócio política da Inglaterra entre os anos de 1942 e 1991. Apesar de sua trama ficcional, carrega um pano de fundo bastante real e palpável, criando um contraste que condiz perfeitamente com a crítica ácida que o livro propõe. Uma crítica não só à Inglaterra, mas a todas as grandes potências capitalistas, e seus líderes arrogantes e super-poderosos, sempre capazes de esquecer o que foi dito anteriormente e perpetuar a luta contra seu grande inimigo, que o autor identifica no trecho abaixo:

* * *

Henry fez uma pausa, limpando distraído o molho do prato com o dedo.
- Vamos dizer assim: sabia que durante os próximos cinco anos estávamos planejando eliminar a merenda escolar gratuita para mais de meio milhão de crianças?
- Não creio que vá ser lá uma medida muito popular, diria eu.
- Ora, naturalmente a grita vai ser grande, mas depois vai passar, e outra coisa vai preocupar as pessoas. O importante é que vamos economizar muito dinheiro e enquanto isso toda uma geração de crianças da classe operária ou de famílias de baixa renda não vai comer senão sucrilho e chocolate todos os dias. E no fim isso vai significar que vão crescer fisicamente mais fracas e mentalmente retardadas. - Dorothy ergueu uma sobrancelha diante dessa declaração. - Ah, sim - acrescentou ele, para tranquilizá-la. - Uma dieta com alto teor de açúcar retarda o desenvolvimento mental. Os nossos já provaram isso. - Ele sorriu. - Como todo general sabe, o segredo da vitória em qualquer guerra é desmoralizar o inimigo.

* * *

Saddam, nós vamos invadir sua praia!

Os Winshaw são constantemente culpados, pelo autor, pelas maiores desgraças da história recente da humanidade. O sucateamento do Sistema Nacional de Saúde britânico, a banalização dos meios de comunicação, a miséria em países de terceiro mundo, a saúde precária de milhões de pessoas devido ao consumo excessivo de produtos industrializados (Michael Owen, o autor criado pelo autor, chega a acusar um a um os membros da Família Winshaw pelo assassinato de seu pai); e até os conflitos com o Iraque.

* * *

Thomas conta a história de um debate que aconteceu entre os diretores do banco durante o almoço na City, numa tarde de sexta-feira: um almoço para o qual Mark fora convidado. A conversa havia girado em torno da recente demissão de um dos sócios por causa do papel assumido pelo banco na crise do Kwait. Thomas se sente na obrigação de explicar os detalhes dessa crise a Mildred, presumindo que, como mulher, não deve saber nada a respeito dela. Então lhe conta como o Kwait foi declarado um Xecado independente em junho e como, apenas uma semana depois, o General de Brigada Kassem tinha anunciado sua intenção de absorve o país, incorporando-o ao seu, alegando que de acordo com os precedentes históricos, ele sempre fora uma "parte integrantedo Iraque".
Ele recorda a ela que o Kwait havia pedido apoio militar ao governo britânico, que lhe prometera tanto o secretário do Exterior, Lorde Home, quando o Lordedo Selo Privado, Edward Heath; e que, desde a primeira semana de julho, mais de seis mil soldados britânicos haviam sido levados para o kwait do Quênia, Aden, Chipre, Reino Unido e Alemanha, estabelecendo uma linha de defesa de cento e dez quilômetro a apenas oito quilômetros de fronteira, em prontidão no caso de um ataque iraquiano.
- O caso é - disse Thomas - que esse cara, um sócio mais novo, o Pemberton-Oakes, não aguentou o fato de que ainda estávamos emprestando altíssimas quantias para os iraquianos para ajudá-los a financiar seu exército. Disse que eram inimigos, e que estávamos, de certa forma, em guerra com eles, e que não devíamos estar ajudando os sujeitos. Disse que devíamos fazer negócios com o Kwait, por uma questão de princípio - acho que foi essa a palavra que ele usou - mesmo que eles pedissem empréstimos desprezíveis e o banco não fosse capaz de obter muito lucro com eles a longo prazo. Bom, aí se formou um verdadeiro rolo, todo mundo se intrometendo dos dois lados, apresentando pontos de vista alternativos, quando alguém teve a brilhante idéia de perguntar ao jovem Mark o que ele achava.
- E o que ele disse? - pergunta Mildred com um tom resignado na voz.
Thomas deu uma risadinha.
- Disse que era absolutamente óbvio, pelo que ele podia ver. Disse que devíamos emprestar para os dois lados, é claro, e se a guerra começasse, devíamos emprestar mais ainda, para eles continuarem lutando durante o maior tempo possível, usando cada vez mais equipamentos e perdendo cada vez mais homens, ficando cada vez mais devedores nossos. Deviam ter visto a cara deles! Bom, provavelmente era isso que todos estavam pensando, entende, mas ele foi o único que teve a coragem de dizer tudo na cara de todo mundo. - Ele se volta para Mark, cujo rosto, durante toda a conversa, permaneceu absolutamente impassível. - Vai ter um futuro brilhante no campo bancário, Mark, meu velho. Um futuro brilhante.
Mark sorri.

* * *

Peguei o controle remoto da televisão e estava para desligá-la. O menino de olhos fixos e inexpressivos, as costas tão rígidas e tensas como as de Fiona quando ela se sentara no meu sofá, não estava mais na tela: mas o homem com a aparência de tio, com aquele largo sorriso e o bigode preto e espessoainda estava pisando duro, para lá e para cá, dessa vez com uma farda completa e cercado de homens da mesma idade e nacionalidade e comportamento. Eu o observei mais alguns segundos e senti outra lembrança começar a recuperar a forma.
- Sei quem é esse aí - disse eu, apontando para ele e estalando os dedos. - É o... como é mesmo o nome... presidente do Iraque...
- Michael, todo mundo sabe quem é esse aí. É o Saddam Hussein,
- Ah, issmo mesmo, o Saddam Hussein. - Depois, antes de desligar a televisão, perguntei: - Quem era aquele menino que estava com ele? Aquele que ele estava tentando abraçar?
- Não tem assistido aos jornais ultimamente? Era um dos reféns. Ele anda exibindo-os na televisão, como se fossem gado ou coisa parecida.
Isso não fez muito sentido para mim, mas estava na cara que não era hora de explicações elaboradas.

* * *

Os dois artigos que eu havia escolhido para comparar eram exemplos do lado político de Hilary. Embora estivessem separados por mais ou menos quatro anos, apresento-os aqui como Fiona e eu os lemos naquele dia: lado a lado.







HOJE RECEBI UM BOLETIM de um grupo que se denomina Os Defensores da Democracia no Iraque - ou, para abreviar, ODDI.
Alegam que o Presidente Saddam Hussein é um ditador brutal que conserva o poder através da tortura e da intimidação.
Ora, tenho um conselho a dar a esse bando de ODDIs idiotas: tratem de conferir os fatos!
Quem foi o responsável pelos programas de assistência social que trouxeram melhorias tão grandes na habitação, na educação e na assistência médica em todo o Iraque?
Quem foi que concedeu aos iraquianos os recentes direitos a receberem pensão e salário mínimo?
Quem instalou sistemas de irrigação e drenagem mais eficientes, fez empréstimos generosos aos fazendeiros locais e prometeu "saúde para todos" até o ano 2000?
Quem é que nada mais nada menos que o presidente Reagan mandou retirar da lista de líderes políticos acusados de apoiarem o terrorismo?
E quem mais, de todos os líderes do Oriente Médio, abriu os cofres do governo, conforme prometeu, e deixou que tantas construtoras e indústrias britânicas ajudassem na reconstrução de seu país?
Pois é, foi o tal "brutal e "torturador" Saddam Hussein.
Caiam na real, ODDI! Deviam estar reclamando desses aiatolás demagogos que andam por aí. A vida no Iraque pode não ser perfeita, mas agora está melhor do que já foi durante muito, muito tempo.
Então, parem de pegar no pé do saddam. Afirmo que ele é um homem com o qual podemos negociar.


Não é sempre que um programa de televisão me deixa revoltada, mas a noite passada me senti assim.
Será que alguém nesse país consegue aguentar o Saddam Hussein no Nine O'Clock News, exibindo os chamados "reféns" que sadicamente propõe usar como escudo humano?
Esta imagem vai me perseguir pelo resto da vida; o espetáculo de uma criança indefesa sendo maltratada e apalpada por um dos mais odiosos e desumanos ditadores do mundo de hoje.
Se algum bem pode resultar de uma exibição revoltante dessas, será o de fazer os chamados "lobistas da paz" caírem em si e perceberem que não dá para ficarmos sentados e permitir que esse Cachorro Louco do Oriente Médio saia impune depois de cometer crimes tão terríveis.
Não estou me referindo só à invasão do Kwait. Todos os 11 anos da presidência de Saddam Hussein foram uma história longa e revoltante de tortura, brutalidade, intimidação e matanças. Se não acreditarem em mim, é só lerem os folhetos informativos publicados pelo ODDI (Os Defensores da Democracia no Iraque).
Não resta a menor dúvida: não podemos mais nos deter em escrúpulos morais; chegou a hora de agir.
Vamos rezar para que o presidente Bush e a Sra. Tatcher compreendam isso. E vamos rezar também para que o menininho corajoso e determinado que vimos em nossas telas de tevê ontem à noite viva para esquecer esse encontro com o Açougueiro de Bagdá.



* * *

- Ora, com base no que me disse - Falou Henry, ajeitando-se mais confortavelmente na poltrona - Eu diria que o Ministério da Indústria e Comércio ganhou a batalha por enquanto. Vou sugerir que mandem alguém a Bagdá nos próximos dois meses, e ofereçam aos iraquianos um belíssimo contrato de crédito bem generoso. Quanto foi que os americanos deram a eles?
- Vários bilhões, eu acho. Mas foi só para os grãos, coisa assim. Oficialmente, pelo menos.
- Hummm. Ora, eu acho que podemos chegar aí a umas setecentas ou oitocentas mil libras. Acha que está bom?
- Acho que sim. Vai vir a calhar.
- Eu presumo - disse Henry, inclinando-se para diante e olhando Mark nos olhos - que o Hussein pode mesmo pôr as mãos nessa grana, afinal. Quero dizer, crédito é uma coisa, mas nós queremos ter uma garantia de que ele vai pagar isso um dia.
Mark pensou cuidadosamente antes de dizer:
- O Iraque tem bons recursos naturais. Obviamente o dinheiro vai acabar se ele continuar gastando assim: mas não se esqueça de que tem um vizinho muito rico. Um vizinho rico e vulnerável.
- O Kwait?
Mark confirmou com a cabeça.
- Acha que ele invadiria esse país?
- Não hesitaria um só instante.- Sorriu enquanto Henry ruminava essa informação. - Mas esse é um palpite que pode nem se tornar realidade - disse ele.

* * *

- E de quem foi essa idéia brilhante?
- Quem sabe? De algum ministro do gabinete, de algum funcionário público, de algum guru acadêmico que tome parte em algum comitê de elaboração de diretrizes.
Um nome imediatamente passou pela minha cabeça. Henry.
- Mas é só nisso que pensam... na parte financeira? - falei.
- Nem sempre. - Dra. Gilliam sorriu amargurada. - Uma outra foi fechada alguns dias atrás. Sabe por quê?
- Continue, eu acredito.
- Vítimas de guerra.
- Mas não estamos em guerra - disse eu, nem mesmo sabendo se tinha escuado direito.
- Ora, alguém obviamente pensa que estaremos em breve, a menos que o Saddam tire o cavalinho da chuva. E este é um dos hospitais que recebeu ordens de arrumar espaço para nossos galantes rapazes da frente de combate.

* * *

Há apenas duas horas, forças aéreas aliadas começaram um ataque a alvos militares no Iraque e no Kwait. Esses ataques continuam enquanto eu estou aqui, falando com vocês.
Os vinte e oito países que enviaram tropas para a área do Golfo esgotaram todas as tentativas razoáveis para atingir uma solução pacífica, e não há escolha senão expulsar Saddam do Kwait à força. Nós não fracassaremos.
Alguns podem perguntar: por que agir agora? Por que não esperar? A resposta é clara: o mundo não podia mais esperar.
Este é um momento histórico.
Nossas operações se destinam a proteger da melhor forma possível as vidas de todos os povos dos países que compõem as forças de coalizão, alvejando o vasto arsenal militar de Saddam. Não temos mais como argumentar com o povo do Iraque. Aliás, quanto aos inocentes que sofrerão com esse conflito, oro por sua segurança.
Esta noite, enquanto nossas forças lutam, eles e suas famílias estarão presentes em nossas preces.
Não é fácil para nenhum presidente enviar seus filhos e filhas à guerra.
Que Deus abençoe todos eles, sem excessão.

O Legado da Família Winshaw é daqueles livros que, como um bom filme de suspense (ei! Ele não e um policial!), em dado momento você diz sozinho: "arrá! Tudo começa a se encaixar!"
Tenho o hábito de começar um livro pelas orelhas, e no presente caso isso me proporcionou uma agradável surpresa ao descobrir que a capa e as orelhas do livro forneciam fortes pistas visuais da trama. O desenho da capa retrata fielmente Winshaw Towers, incluindo a passagem secreta que leva à sala de bilhar e ao aposento onde Lawrence supostamente enviava mensagens aos nazistas. No canto inferior esquerdo, um olho remete ao sentido tão prezado por Thomas, e do qual ele é privado pouco antes de morrer. Na quarta capa, uma mão ensanguentada indica a chacina por vir. Nas orelhas, novamente o olho, acompanhado da seringa que matou Mortimer, o ouro dos Winshaw, o porco fazendo lembrar de Dorothy, a pilha de jornais que matou Hilary e o bilhete "Queijo, Aipo, Biscoito".

- Terminei de ler aquele livro.
- Ah, é?
- É muito bom! tu devia ler.
- Morre todo mundo no final?
- Anh... Err...

Escrevendo um conto erótico


ligas meias orgia
ereção desabotoar saliência
decote
striptease mamilo
trepar cutucar costas
baixinho isso pretas
sutiã apalpar algemas
arrastão tirar fluidos
vaselina carícia lamber
língua arquear ai meu Deus
não pára açoite abrir
calcinhas esticar meias
chupar camisinha macio
rosado molhado tenro
gemer aí vai

Vetoriais




Um grupo de heróis "diferentes", no qual venho trabalhando. O nome vem de uma brincadeira com o título "Mulheres são de Vênus, Homens são de Marte"



Topman, personagem de Lorde Lobo. Fiz o desenho a pedido do autor.

19/12 - sexta-feira

Jantar da Polícia Federal. Passei boa parte da noite me segurando pra não começar a contar piadas de milicos. Perdi a linha por completo, me atirei na fila do buffet e enchi o prato com tudo o que deu pra pegar. Os elegantes policiais e suas elegantes famílias fizeram o mesmo. Bolinhas de batata foram o marco da noite. Eu, quando voltei pra casa, era praticamente uma, também.

20/12 - sábado

Casamento do Fox. Célia resmungava sem parar, dizendo que estava mal vestida. Eu respondia:
- Imagina! Você tá linda. Mal vestido tá o Afonso.
Era verdade. Ninguém entendia o que o padre falava, muito menos os noivos. Gabriela resolveu rir logo na parte em que deveria jurar fidelidade ao marido. Cômico, muito cômico. No jantar, eu e Mentow pensávamos se já era hora de repetir. Célia avisou:
- O Bruno já tá lá.
Bolinhas de batata, de novo!

21/12 - domingo

Minha formatura. Depois de nove anos, enfim terminei o segundo grau. Passei a colação inteira tentando enxergar minha mãe na multidão, sem sucesso. Se ela não viesse até a frente, eu ia ficar com a rosa nas mãos na hora de fazer homenagem aos pais. Fiquei sentado entre duas choronas, que perguntavam o tempo todo se não haviam borrado a maquiagem. Dancei pouco, não tenho mais o mesmo pique que tinha aos meus vinte anos. A música também não colaborava pra isso. Levei quase uma hora procurando minha mesa e voltei pra casa com um insuportável bafo de cerveja.

22/12 - segunda-feira

Havia prometido à minha sogra aparecer na sede balneária da OAB para ajudá-la com o restaurante. Acordei no meio da tarde e não tive forças nem paciência pra fazer nada além de ficar sentado na frente do computador. Levei bronca da patroa. De noite, fui a Jurerê festar com Fox, Gabriela e demais parceiros de copo, e resolvi não avisar a patroa pra não levar mais bronca. Me arrependi ao chegar lá. Bateu a saudade. Resolvi ligar para ela, e, claro, levei bronca.

23/12 - terça-feira

Acordei com o Fox me ligando, perguntando de dois mil reais desaparecidos durante a festa. Depois do escarcéu todo, foi-se descobrir, ao fim do dia, que os pais da Gabriela haviam guardado o dinheiro. Fui até a Cachoeira do Bom Jesus, prestar satisfações à minha sogra e me surpreendi com o carinho que meu sogro me recebeu. Minha irmã chegou de Belo Horizonte. Descobri que abriu uma Blockbuster perto da minha casa. Fiz cadastro e coloquei quase todos aqui de casa, além da Célia, como meus dependentes. Não coloquei meu irmão, porque ele é caloteiro e deve mais de trinta reais na Videoteca.

24/12 - quarta-feira

Véspera de natal, mais um dia agradável e cada vez maior a confirmação de que nada poderia dar errado. Passamos o dia, eu e a Célia, com meus sogros, na OAB. De noite, ceia e cerveja na casa da minha avó. Meu primo seguiu a tradição familiar e ora carregava seu pai para um canto, ora falava para todos sobre a operação que fez no pinto. Descemos para pegar mais cerveja, e ele insistiu em me mostrar o resultado da operação, e ainda saiu lamuriando aos quatro ventos o absurdo de eu ter pedido que ele colocasse o instrumento de volta nas calças. Célia, desavisada, teve de aturar perguntas sacanas como "tu morde a tetinha dele com piercing?".

25/12 - quinta-feira

Natal, enfim. Almoçamos com meus sogros, novamente, e já emendamos a tarde trabalhando. Comida boa e banho de piscina. O fim de ano começava a ficar cada vez melhor.

26/12 - sexta-feira

Acordamos com uma surpresa desagradável, mas ignorá-la não foi uma tarefa difícil. Pessoas querendo atrapalhar nosso relacionamento existem aos montes desde que ele começou. Célia foi trabalhar, eu também. Dona Helena se mostrou uma empregadora mais simpática do que eu imaginara.

27/12 - sábado

Aniversário de namoro. Um ano juntinhos, colados, viciados um no outro. Brigas raríssimas; por motivo que o valesse, então, quase não existiram. Nos vimos em todos os finais de semana deste um ano, e com certeza não ficamos mais que dois dias separados, nunca. Fizemos tremendo alarde na última semana, por estar se aproximando tão importante data, que quando esta chegou, nos esquecemos por completo. Só formos nos dar conta no fim da noite, antes de voltarmos da OAB.

31/12 - quarta-feira

Último dia do ano. Cheguei tarde na OAB pra terminar os preparativos da festa. Comprei balões, velas, talheres de plástico, e saí roubando flores de todo lugar. Mal cheguei para trabalhar e já tive de sair novamente, para comprar frutas e bebidas. Eu e minha cunhada montamos uma mesa de frutas de botar inveja em muito serviço de buffet profissional. Célia chegou quando terminávamos. Nosso rendimento triplicou nesse dia, apesar do escândalo criado por uma cliente mal-comida. Assistimos aos fogos na praia, bebemos sidra vagabunda, cerveja, e batidinhas. Minha cunhada ria sem parar, depois de umas tantas pinas coladas.


 

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