Desde que me mudei para São Paulo e consequentemente fiquei sem tv por assinatura que o sensacionalismo da mídia do sudeste me abisma. Como bem representou um chargista, 2008 pode ser resumido em duas imagens.
A nova pauta em todos os jornais, impressos e televisivos, é a tragédia provocada pelas enchentes de Santa Catarina. O Vale do Itajaí se transformou na nossa New Orleans e não faltaram celebridades tentando assumir o papel da Oprah brasileira, indo pessoalmente cobrir o drama dos desabrigados e tentar arrancar lágrimas e pontos de ibope do público no outro lado da telinha. Já nos primeiros dias lembro do Datena pedindo aos telespectadores que não mudassem seus planos de verão e contando uma nada interessante passagem de quando encontrou uma outra celebridade também a caminho de Florianópolis. Não teria sido melhor ficar calado?
Florianópolis é uma cidade que - mesmo muitos discordando dessa limitação administrativa - sustenta-se em grande parte graças ao turismo. No verão, parecem haver mais paulistas e argentinos em suas prais que catarinenses propriamente ditos. Dois meses atrás eu ouvia planos de todos os lados sendo feitos por amigos e colegas de trabalho, planos sobre o verão fantástico que iam passar em Floripa. Hoje, são poucos os que ainda pretendem fazer a viagem.
E eu percebo que a culpa disso tem muito a ver com uma irresponsabilidade midiática na hora de narrar os fatos. Só o que se lê nas manchetes é "Santa Catarina", "Santa Catarina", "Santa Catarina". A impressão que se tem é que Santa Catarina afundou no mar e agora só se vai de Curitiba a Porto Alegre a nado. No geral, as justificativas que tenho ouvido para essas mudanças de planos caem em duas categorias: 1) "Não tem mais nada lá, tá tudo alagado!", impressão totalmente equivocada, já que Floripa praticamente não foi atingida; e 2) "Ah, não vai mais ninguém", que acaba sendo consequência da primeira. Eu até tento brincar com a situação: "Floripa sem paulistas? Vai ser o melhor verão da minha vida"; mas a verdade é que me dói a cabeça tentar imaginar os danos que essa imagem errada irá causar para a economia local. Isso sem falar em todas as muitas outras regiões, fora do meu universo-umbigo, que também não foram atingidas e dependem tanto do dinheiro do turismo. Ou mesmo das regiões atingidas, que também seriam beneficiadas por essa riqueza injetada no tesouro estadual.
E assim segue o sudeste... Trocando belas paisagens e um sol à beiramar pelo ar irrespirável e as praias impróprias para banho do litoral paulista.





Ainda não sei se é piada ou se a história confere, mas aparentemente um amigo de Floripa encontrou a caixa das fotos acima num mercadinho próximo ao Colégio Energia. A teoria mais aceita até agora é a de que, com a destruição do porto de Itajaí (que fui descobrir nos telejornais que sozinho representa 4% do pib nacional), estão desovando no mercado interno produtos que em outras circunstâncias iriam para os países que importam do Brasil.
De qualquer forma, fica como curiosidade. E, sim, o idioma é russo. A primeira palavra significa "nuggets".


 

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