Algumas coisas que observei na mídia essa última semana e que me deixaram bastante incomodado:
- Gloria Kalil dizendo no fantástico que a estudante da Uniban passava a mensagem errada com o vestido curto. Ou seja, mais uma vez, num caso de violência sexual (sim, porque o que foi feito foi sim uma violência, e de motivações sexuais), a culpada é a vítima, que "provocou". Tenha ela provocado ou não, nenhuma mulher merece ser desrespeitada dessa forma. E nenhum comunicador deveria ser tão irresponsável ao sugerir que isso talvez seja "ok".
- Ratinho com dois convidados debatendo a validade da pensão oferecida às famílias cujo principal mantenedor está preso. Acabou virando uma zona onde dois velhos loucos (um deles o próprio Ratinho) incitavam a platéia à revolta sem permitir à mesma entender o que essa pensão significava. O convidado "defensor" da pensão tentava inutilmente explicar que é um benefício destinado não aos presos, mas às suas famílias, que é reservado somente àquelas famílias cujo mantenedor contribuía com o INSS antes de sua prisão, e que é uma ação preventiva para inibir os filhos dos presos de também entrarem no crime por não terem moutra forma de sobreviver... Enquanto que os velhos loucos gritavam e se comportavam como animais bêbados, dizendo que se tratava de uma recompensa ao preso, sugeriam que a família de um criminoso era tão criminosa quanto o mesmo, e que pra pedir o benefício era só matar ou roubar. Não sei em que pé fico sobre esse auxílio, sei lá se concordo ou se não concordo, e se o objetivo do debate era tirar as dúvidas do cidadão comum para que ele formasse sua própria opinião sobre o assunto, me parece que falhou miseravelmente.
- No Domingo Espetacular, o Fantástico genérico da Record, uma matéria que associava o novo penteado de Felipe Dillon aos ideais defendidos por Bob Marley. Me pareceu uma tentativa estúpida de provar um ponto quando não se tem prova alguma. Eu, como cidadão comum que vai ao boteco e opina sobre tudo, imediatamente tenho certeza que o moleque é um maconheirozinho de marca maior. Mas, como comunicador, não posso ir a um veículo de alcance nacional (e mundial, como gostam de encher a boca pra falar) pra afirmar uma coisa dessas sem provas. Os fatos são: Felipe foi internado numa clínica para reabilitação de usuários de drogas e para tratamento de distúrbios psicológicos. Até aí, depressão ou estresse (justificativa dada pela mãe do cantor) são distúrbios psicológicos. Como afirmar com tanta convicção que a internação foi por motivo de drogas? Cadê as provas? Todo rastafari é drogado? Que tipo de "jornalismo investigativo" é esse? E a situação só piora: após sugerir, sem provas, que o moleque é emaconhado só porque não lava o cabelo, ainda emendaram uma longa matéria sobre usuários de drogas, reforçando mais ainda a idéia na cabeça de quem ainda acha que a televisão é uma fonte confiável de informações.
Numa nota paralela, ficam os meus parabéns à equipe do Pânico! na TV que soube tratar com humor um assunto bastante delicado e ao mesmo tempo mostrar apoio a um dos seus, quando tantas outras emissoras tentariam tapar tudo com panos quentes ou mesmo desassociar sua imagem da de um funcionário pego com as calças na mão.
Índices: felipe dilon, gloria kalil, jornalismo uniban, ratinho, Televisão