Outro dia estava sentado no computador, fazendo sei lá o quê, quando comecei a ouvir gritos:
- FOGO! FOGO! FOOOGO!
Olhei rapidamente pela janela e me deparei com o silêncio. Alguns andares abaixo, apenas uma senhora de mangueira na mão, lavando a calçada de seu prédio, e me olhando estranho. Voltei a me sentar.
- FOGO! FOGO! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!
Corri para a janela da área de serviço, tentando obter uma visão mais ampla, e nada. Do meu apartamento, pode ser visto todo o lado direito do prédio vizinho, mas os gritos pareciam vir de um apartamento mais distante. Como mal podia identificar a origem dos gritos, e estes aliás pareciam ter parado, voltei a me sentar e ignorei o que havia ouvido.
- FOGO! SOCORRO! AI MEU DEUS!
* TUM! TUM! CRAAAACK! *
* PPPCHIRRRRT! PCHHHIERRRRRT! PCHIRRRRRRT! * (onomatopéias toscas do que me pareceu alguém derrubando a porta e apagando o fogo com um extintor)
Uns quinze minutos depois é que fui ouvir sons de sirenes. Acho que ninguém se feriu. Mas devem ter tomado um susto bem grande.
Enfim consegui pegar as fotos do carnaval com a Rosemary. Abaixo, da esquerda para a direita: Bete, vizinha da praia e amiga de anos da família; a Célia, fantasiada de lambedora de tapete; Eu, bêbado feito um tamanduá albino e coxo; e minha mãe.
Tudo natural! Sem silicone! Até a barriguinha de cerveja é minha mesmo. Do meu lado, pagando seus pecados, a Rosemary, filha da Bete.
Características de uma boa história de super-heróis:
Máscara: confere (óculos escuros servem)
Roupa colante: confere
Capa: confere (não vou retomar aqui o papo do Jonathan e o outro que sempre esqueço o nome; sobre como todo grande herói usa sobretudo)
Super-poderes/habilidades além de qualquer ser humano "comum": confere
Identidade secreta/codinome: confere
Império/Organização/Raça/etc do mal - Os Vilões: confere
Nerd anti-social que por uma razão ou outra se transforma no grande herói: confere
Mocinha em perigo e/ou namorada do herói: confere
Professor/Mentor/Herói inspirador: confere
Amigos/Companheiros de super-grupo: confere
Muita informação contida em uma mesma cena: confere
Ameaça Global/Humanidade em perigo: confere
Pois é. Matrix não passa de uma boa história de super-heróis.
The Matrix Inside The Matrix
Povinho anda queimando massa cinzenta à toa por preguiça de assistir pela segunda vez Matrix Reloaded ou simplesmente de admitir que não entendeu bulhufas. Tudo bem. Eu não entendi metade, e o pouco que entendi tive de explicar pra Célia, que ficou a ver navios cor-de-rosa.
Na dúvida, a melhor opção é pesquisar. Na internet você acha facilmente vários textos que autopsiam todo o filme. O site Omelete é um deles. Entre outras coisas, traz a transcrição completa do diálogo entre Neo e o Arquiteto (que muita gente não entendeu, pois as legendas não foram fiéis ao original, nem de longe).
Claro que tudo são opiniões. Ou, como o Averon diz, "super-interpretações". Só vamos saber, realmente, depois do terceiro filme (ou não). Vale também dar um jeito de ter acesso a tudo que saiu junto com o filme. Animatrix é uma ótima fonte de informações. Além de "O Vôo Final de Osíris", que passou no Sbt e é a introduão a ...Reloaded, há "A Segunda Renascença" (traduzido no DvD como "O Segundo Renascer"), que conta os últimos momentos da humanidade antes da Matrix, e "História de Garoto", que mostra quem é o garoto insuportável que persegue Neo no filme.
O DvD, aliás, não se resume só aos episódios. Há um documentário sobre Animes e cultura japonesa que é uma verdadeira aula. Até Todd McFarlane está lá, surpreendentemente falando menos besteira do que se podia esperar. Os "making of"s de cada episódio também são ótimos de se assistir. E não deixem de assistir o trailler de "Enter the Matrix", o jogo oficial, que contém mais de uma hora de cenas inéditas. Sobre o jogo, não vou acrescentar nada, pois ainda não tive acesso a ele.
Continuando com a grande questão: há uma matrix dentro da matrix? Tudo dá a entender que sim. A imagem que antecede este post aparentemente é uma visão interna da nave Nabucodonosor, em Matrix Revolution. Mas a nave não está no "mundo real"? Aparentemente não.
Há várias sugestões no filme de que haja uma segunda matrix, interagindo com a primeira, mas as principais delas são: a clarividência e a aparente telecinésia de Neo. Como Neo consegue prever o futuro fora da Matrix? É uma pergunta bastante difícil de se responder.
Em primeiro lugar, os dois filmes mostrados até agora falam de corpo, limitação, ao mesmo tempo em que falam de romper limites e de iluminação. Tudo dá a entender que as habilidades aprendidas dentro da Matrix não são válidas fora dela. Ou alguém já viu qualquer salto ou acrobacia que o valha fora da Matrix? Segundo o Averon, quem aprenderia estas técnicas seriam os Avatares, os arquétipos virtuais de cada humano conectado. Uma óbvia mensagem de que devemos diferenciar avatares de usuários (na falta de palavra melhor, já que, mais do que usuários, eles seriam escravos) é a insuportável mudança do corte de cabelo de Neo no primeiro filme. Agora cheio de gel. Agora raspado. Agora com franjinha de novo. E etecetera.
Pronto. Podemos assumir que nada, ou quase nada, aprendido dentro da Matrix, é válido ou útil fora dela. Incluindo "iluminações" como a de Neo.
A Oráculo é um programa. Isso está provado. Um programa intuitivo, criado para compreender melhor a mente humana. Isso lhe deu o poder da clarividência, ou ela simplesmente prevê o óbvio? Essa dúvida já há desde o primeiro filme, quando ela diz a Neo "a pergunta é: você teria derrubado o vaso se eu não lhe dissesse?". Entra aí a manipulação, tão explorada no segundo filme.
Estou me deixando levar e fugindo do ponto. A Oráculo é um programa, e é supostamente clarividente. Neo não é um programa, mas é iluminado. O Arquiteto chega a criar uma dúvida sobre isso, mas logo a desmente quando diz que apesar do processo por que passou, Neo ainda continua basicamente humano. Mas seria este processo capaz de mudá-lo fora da Matrix? Supõe-se que não. Portanto sua clarividência seria fisicamente impossível, a não ser quando integrada a um software, ou seja, através de seu avatar.
Vamos à telecinésia. Neo pára balas dentro da matrix. Neo pára sentinelas fora dela. Como? Antes de levantar as mãos como um Moisés abrindo o Mar Vermelho, Neo diz "alguma coisa mudou". Das duas uma: ou o encontro com o arquiteto lhe conferiu poderes paranormais inexplicáveis ou ele acordou para uma nova Matrix. Como Matrix é primariamente uma obra de ficção científica (há vários elementos de super-heróis, artes marciais, western e etc, mas basicamente, é ficção científica da pura), vamos lembrar de um outro filme do gênero: Contato; onde se usa frequentemente um conceito científico que diz "na dúvida entre duas explicações, a mais simples tende a ser a verdadeira".
Alguns textos circulando pela internet vão mais a fundo, definindo duas matrixes: verde e azul. Verde, é, obviamente, a Matrix que conhecemos, onde Neo voa e Morpheus está mais gordo que no primeiro filme. Azul é o suposto mundo real, onde temos Zion e os Sentinelas.
O Arquiteto fala que em 99.9% dos casos, os humanos aceitam a Matrix se lhe for dada uma escolha, mesmo que a nível subconsciente. Se pararmos para pensar bastante, isso não parece corresponder ao que nos foi mostrado no filme. Agora, se isso tiver relação com a Matrix Azul, tudo parece mais coerente. Afinal, tal "escolha" foi representada por Zion. E Zion está na Matrix Azul.
Vamos mais a fundo. E o conselho de Zion? Eles provavelmente são os descendentes daqueles que construiram a cidade. Eles não saberiam a verdade? Vinte e três humanos são desplugados da Matrix, escolhidos pela "anomalia" Neo, e eles não recordam este fato? Se estão agora no mundo real, onde tudo é imprevisível, e a mente humana está livre de amarras, como saber que eles vão realmente dar rumo a uma nova revolução ao invés de matarem uns aos outros?
No primeiro filme Morpheus fala a Neo de um homem que podia manipular a Matrix como bem entendesse, e foi quem libertou os primeiros humanos. Este era a anomalia anterior. Neo é o começo e o fim, como relembrou o Arquiteto. O que houve com esta anomalia? Se os primeiros de Zion o conheceram, porque ele não lhes contou a verdade?
Tão complicado que chega a me dar dor de cabeça.
Estamos em Porto Alegre ainda. Chegamos na quarta, vamos embora amanhã, assim que acordarmos. Ah, a Célia pegou o buquê. Chorou feito uma tia velha.
Estou colando os espaços, pois a tecla de space desse teclado faz um barulhão desgraçado, feito máquina de escrever daquelas bem antigas.
Outro dia fiz um post na casa da Célia e o blogger avacalhou com os meus acentos. Aliás, ainda estou tonto com essas novas mudanças na interface deles. Como estou sem internet em casa, ainda não tive tempo de descobrir se mudou algo ou se só quiseram complicar tudo.
Meu celular "vivo" morreu logo depois de sairmos de Santa Catarina. "A maior cobertura do Brasil" my ass! O Tio Zé Carlos disse que antes de viajar é preciso pedir autorização para a mudança de banda. Minha cunhada disse que precisa ter no mínimo cem reais de crédito. De qualquer maneira, a propaganda é mentirosa pra cacete.
Estou virando gaúcho. Comi negrinhos, comprei cacetinhos e tomei chimarrão. Tudo muito divertido, a não ser este maldito sotaque que eu e a Célia ganhamos por osmose.
* Corte nas coxas
É muito interessante o sistema utilizado pela Matrix para cortar o acesso de usuários devedores. Após dois meses sem pagamento, eles cortam o seu e-mail. Depois de quase um ano e meio sem efetuar pagamento algum, então, é que o seu acesso fica bloqueado. Claro que, como é um "corte nas coxas" não muda muita coisa. Você simplesmente perde o acesso a http e afins. Kazaa, ICQ, mIRC, e-mails pop3, e muitas outras coisas; continuam funcionando normalmente. Vale a pena fazer o teste: ficar mais uns dois anos sem pagar e ver se eles dizem algo como "vou contar pra minha mãe".
* Aniversário
Dia cinco último foi meu aniversário. Vinte e dois anos muito bem vividos, ao que me consta até o momento. Agora eu e Célia temos oficialmente a mesma idade, então eu não posso mais chamá-la de papa-anjo até dez de fevereiro (anotem).
Festinha simples, sem muito estardalhaço, sem muitos convidados exatamente pra evitar o estardalhaço. Cerveja, vodka, batida de chocolate, bolo com pinga, catuaba e um vinhozinho pra completar. A catuaba, aliás, foi presente do Perdido. Não vou precisar tão cedo, mas fico agradecido. ^_^
Skayller, Lili e Giselle me presenteram com massinha de modelar. A Célia tem aproveitado mais do que eu. Fico frustrado por não conseguir fazer nada reconhecível.
Foi um dia bastante frustrante, no começo. Minha mãe foi roubada no ônibus, e levaram a carteira dela com quase setecentos reais. Simplesmente metade da pensão dela. Planejávamos botar algumas coisas em dia com esse dinheiro, já que a pensão que sai no dia cinco vem sem descontos. Pagar a tevê a cabo, quem sabe; ninguém aguenta mais novela. É, não deu. Deixa pra depois.
Sorte que minha sogrinha, que é uma santa e me adora, acabou financiando a festinha. Juro que vou pagar o favor um dia. Aliás, meu cunhado também foi um doce, e me ajudou a fazer o bolo e os negrinhos, junto com a Célia.
Célia, aliás, passou uma tarde inteira escolhendo um presente para mim. Acabou me dando uma camisa vermelha que é a minha nova preferida. Vou aposentar a cinza e a azul e começar a usar só a vermelha, até gastar. Skayller inventou de dizer que é camisa de cobrador, apesar de eu não conhecer nenhuma empresa com uniforme vermelho. A gente até releva, afinal, ele e a Lili teimam em dizer que todas as minhas camisas são de cobrador.
* Algumas fotos da festa:
Célia, a "primeira-dama"
Célia e Averon, se divertindo com as massinhas
Aniversariante e sua linda camisa vermelha
Zunto e Varda. Essa gente tem um dom especial em sair "bunito" em fotos...
Zunto e a massinha, e Trocero
Zunto e seu sorriso default
Virus maquiavélico e a garrafa de Coca
Skayller e Lili: fotógrafos oficiais do evento
Lili. Será q ela tá com sono?
Povo. Célia, Averon, Virus, Zunto e Varda
Povo de novo. Varda, Célia, Averon, Virus e o Monstro do Pântano
Parabéns a você, nesta data querida...
Pessoa desconhecida que tomou multa e o Skayller achou legal fotografar
Povo. Gisele, Skayller, Lili e Negão
Gisele
Gisele destruindo Tóquio
"Eu quero ser grande!"
Arte pós-moderna com massinha
Averon e a massinha
* Bafão do Santo Casamenteiro
Fiz uma proposta de festa pro Varda que ele gostou bastante. É uma pena que não tenha dado certo. A idéia era uma festa temática, pro povo do #pijamashow e agregados. Depois da última festa na casa de praia do Peace, e de todos os problemas decorrentes dela, o pessoal ficou completamente abandonado no quesito festas. Ninguém mais tinha coragem de disponibilizar sua casa pras festas, e quando o faziam, era pra pouca gente, público bem selecionado, sem muito alarde.
Pois bem. Como solucionar isso? Alugar um espaço alternativo, e cobrar ingresso do pessoal - pareciam boas idéias. Isso nos permitiria fazer uma festa - segundo os planos - com muita bebida, DJ, e diversas brincadeiras como:
- Torpedo do Santo Casamenteiro
Disponibilizaríamos pessoas devidamente identificadas (crachá, camiseta, etc) munidas de um bloquinho para recados. Qualquer um presente na festa poderia pedir a essas pessoas que enviassem um "torpedo" para outra: um recadinho, uma cantada, ou qualquer coisa do gênero.
- Sinal Aberto/Fechado:
Essa é velha conhecida. Uma fita verde indicaria os(as) solteiros(as), uma fita vermelha indicaria os(as) comprometidos(as). Haveria também a opção da fita amarela, dos(as) enrolados(as). Mas deixaríamos à escolha da própria pessoa (na hora de colocar a fita) se era sério ou não.
- Casal Antenado:
Uma brincadeira conhecida em muitos programas de televisão. Ao entrar na festa, o casal escolheria se queria participar da brincadeira, preenchendo uma cédula com o nome dos dois. Se a cédula do casal fosse sorteada, ambos preencheriam (separadamente) um pequeno questionário sobre a pessoa amada. Se as respostas batessem, ponto. A idéia era sortear três ou cinco casais, e comparar a pontuação de cada um. O casal com mais pontos receberia o prêmio (a ser definido).
- Escolha da Audiência:
Essa brincadeira ficaria por conta dos amigos do casal. Na entrada da festa, todos os convidados receberiam um papelzinho, algo como um "título de eleitor". A determinada hora da festa, seria anunciado o início da votação. Os convidados entregariam o "título" em troca de uma pequena cédula, onde deveriam escolher o melhor casal da festa. Vale todo tipo de casal, sem preconceito. O casal vencedor receberia a honra de se envergonhar subindo ao palco para receber as devidas homenagens.
- Tele-Mensagens:
Em certa altura da festa, o microfone seria aberto para que fossem feitas declarações de amor para o namorado/a namorada/ o(a) ficante. Mas tinha que ter empolgação, muito sentimento. Pois a melhor declaração de todas seria escolhida pelos organizadores da festa e receberia um prêmio (a ser definido).
Entre outras idéias que foram surgindo depois. Essas mostradas, inclusive, sofreram várias modificações no decorrer dos planos para a festa. Infelizmente tivemos o problema um: lugar. O plano original visava o Quinta dos Açores, na SC 401. Mas a proprietária não quis nem ouvir a nossa proposta, recusou a idéia logo de cara, quando falamos da faixa etária do público alvo, só faltou desligar na nossa cara. Pesquisamos outros lugares, mas é realmente muito difícil conseguir algo a um preço acessível e que comporte não somente o público que queríamos como também as atrações que pretendíamos.
Problema dois: concorrência. Enquanto conversávamos foram surgindo diversas festas para o mesmo fim de semana. Chegamos a pensar em transferir a festa para o fim de semana seguinte (licença poética: não precisávamos necessariamente realizar a festa no dia de Santo Antônio), mas acabamos por desistir e engavetar a idéia pro ano que vem. Assim teríamos muito mais tempo pra planejar tudo e preencher todas as pontas soltas.
* Dia dos Namorados
Já a algumas semanas que eu vinha enganando a Célia quanto ao dia dos namorados. Desde o início do ano que ela namorava um cd, "O melhor do Simply Red" (sim, eu sei, é o lado brega dela), e me dava dicas de que queria de presente. Era bastante óbvio que eu ia comprá-lo pra ela, mas eu sempre gostei do elemento-surpresa. Quando ela voltou a tocar no assunto, pedindo o cd no dia dos namorados, tive de desconversar, e dizer que já havia comprado o presente. dei várias dicas falsas, disse que tinha ele escondido no armário, perguntei se ela queria ver mas claro que me recusei a mostrar. Ela só veria no dia certo.
- Só posso dizer que é vermelho. E que ou é um brinco, ou uma cueca, ou um cd.
Depois de um certo momento, ela já estava completamente convencida de que ganharia uma semi-jóia. Um brinco vermelho, pra ser mais exato. Eu não me preocupei em desmentir. O grande problema era que eu não tinha comprado nada ainda. Não havia tido a oportunidade. Primeiro a Célia ficou doente. Proibi ela de voltar para casa enquanto não melhorasse.
- Te peguei em casa inteirinha, saudável, e não vou devolver caindo aos pedaços. Só sai daqui quando estiver totalmente curada.
Pois bem. Foi só ela ficar curada e quem adoeceu fui eu. Febre alta, beirando os quarenta, muito enjôo, mais de uma semana de cama. Foi só a febre baixar e fui presenteado com uma linda infecção de garganta que me deixou três dias sem comer. No quarto dia eu me forcei a mastigar alguma coisa, apesar de achar que ia morrer com a dor. Só consegui aproveitar meu aniversário à base de muito antibiótico e olhem que eu ainda não estava lá muito bem.
Resultado que chegou o dia onze e eu ainda não tinha comprado nada. Nem ela. Inventei uma desculpa de que faltava um último detalhe do presente pra comprar, e fui com ela ao shopping. Depois de uma rápida volta para vermos alguns vestidos, nos separamos e combinamos de voltar para casa separados - assim não veríamos o que cada um comprou.
Cheguei em casa primeiro. Estava tão cansado e com uma dor de cabeça tão grande que me deitei um pouco e deixei para embrulhar o presente depois. A Célia chegou pouco depois, e se trancou no quarto do meu irmão, cheia de mistérios, para embrulhar o que comprou.
Foi um caos total. Era ela num quarto e eu no outro, um proibido de pular pro quarto do outro, os dois brigando com papéis de presente, meu irmão e minha mãe indo espiar os presentes um do outro mas sem contar nada do que viram.
A Célia estava tão ansiosa, que me fez prometer que trocaríamos presentes depois da meia-noite.
E assim o foi. Acordei-a logo após a meia-noite, e lhe disse:
- Lembra que te falei que todos os teus presentes seriam vermelhos? Aqui vai o primeiro.
E lhe dei um cachorro quente com bastante molho e maionese. Precisavam ver o brilho nos olhos dela, como criança pequena abrindo presente de natal. Quando ela terminou de comer, peguei um embrulho verde e ela foi buscar o embrulho dela. Primeiro trocamos os cartões, depois os embrulhos. Abri o meu primeiro, e comecei a rir sem parar. Era uma cueca vermelha, com vários "love"s escritos em branco.
Ela só foi realmente entender por que eu ria tanto quando abriu o embrulho dela e puxou uma cueca preta com detalhes em vermelho. Eu já mencionei que ela adora cuecas samba-canção?
E seguiu-se a volta olímpica básica. Os dois trajando suas respectivas cuecas, indo exibir os presentes para meu irmão e minha mãe. Os dois, claro, já sabiam da piada antes de nós e tinham se segurado pra não cair na gargalhada.
Entrei no quarto e encontrei-a sentada. Disse:
- Você caiu mesmo na história do brinco?
- Caí... Eu jurava que você ia me dar um brinco vermelho...
- E caiu na história da cueca?
Ela não pareceu entender a pergunta, mas respondeu que não. Foi quando eu puxei de debaixo das cobertas o segundo presente e ela disse:
- É agora que eu começo a chorar?
O sorriso se estendeu de orelha a orelha quando ela abriu o cd que tanto queria. Insisti para que ela ouvisse logo, podia ser no DvD mesmo. Fui buscar algo na cozinha e quando voltei ela segurava um outro embrulho. Ela também tinha me enganado.
Uma camisa cinza com detalhes em vermelho e azul. Um estilo meio esportivo, gym, bem do jeito que eu gosto. Segundo as próprias palavras dela, é um prazer comprar roupas agora que ela finalmente arrumou um namorado que gosta de se vestir bem.
* Lá vem a noiva, toda de branco...
Este mês tivemos dois sustos. O primeiro foi que a Jaque, amiga da Célia desde os seis anos, estava grávida. O segundo foi que ela iria se casar. E adivinha quem vai ser a madrinha? A Célia não parou pra pensar quando recebeu a notícia e disse:
- Tu vai comigo!
Pois bem. Estamos de viagem marcada para Porto Alegre. Por sorte, eu vou poder ficar escondidinho num banco qualquer da Igreja, soltando papo com a minha cunhada, enquanto a Célia passa vergonha sozinha do lado do altar. Semana passada saí com a mulherada - Célia, Carla, Sogrinha Helena e Tia Onila - pra escolher os tecidos dos vestidos. A Helena, minha nossa, parecia que estava em feira livre, levava de um pouco, tanto desse aqui, tanto daquele outro. A Carla, pra variar, não se decidia por nada. Carla e Célia, em uníssono, faziam cara feia pra idéia de usarem pelerine. A atendente implicava com a Carla o tempo todo. Tia Onila ficava quieta e eu só ria.
Depois de escolher os tecidos, são mais alguns anos até decidir o modelo do vestido. Como a internet aqui em casa tá bichada, a Célia resolveu digitar "dress" no KazAa e ver o que surgia. Até que apareceram algumas boas idéias. Nem todas se adequam ao tecido escolhido.
No meu caso é só dar um remendo na calça do terno e pedir pra sogrinha costurar uma gravta azul (assim eu vou combinando com as duas indecisas).