Tá... Acho que isso prova que sou péssimo em greves. Um comentário vai ter que ser o suficiente.
Povinho parece que tem preguiça de digitar um mínimo "oi" que seja. O counter ali do lado vai subindo, subindo, e os comentários vão se tornando cada vez mais escassos. Das duas uma: ou o que escrevo é tão maravilhoso e bem construído, que ninguém consegue pensar em nada a acrescentar; ou eu só escrevo merda mesmo e ninguém mais se interessa. No caso, se for a segunda alternativa, por que diabos as pessoas continuam vindo aqui? Tenho certeza de que este blogue não têm tido o tipo de propaganda responsável por atrair novos leitores.

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Acho que nunca escondi (ou se escondi, nunca o fiz com muita vontade) que não vou muito com a cara do meu cunhado. Não o Júnior. O Júnior é legal. Naqueles seus cento e oitenta e três centímetros desajeitados de altura há uma ingenuidade e uma doçura que torna quase impossível não gostar do cara. Os que o fazem, é por pura inveja.
Meu grande problema é com o namorado da minha irmã. Ou ex-namorado, ainda não se sabe. O senhor David, músico de quase-sucesso e muita sequela na cabeça. O Visconde de Sabugosa frequentou meu bar sem jamais ser capaz de me cumprimentar ou mesmo trocar uma ou duas palavras comigo, e de repente ele surge do nada, invadindo um território ainda mais íntimo para mim: a minha casa.
Já na primeira oportunidade que tive de conversar com o cara, deixei a antipatia natural que tinha por ele de lado, e (sem minha irmã saber - ela me mataria se soubesse disso), fiz questão de aconselhá-lo: era bom que ele desse muito valor à minha irmã, pois ele era mais feio e mais sequelado que eu; e eu, por exemplo, tinha certeza absoluta que nunca tiraria a sorte grande de ter uma mulher como a minha irmã. Ele tinha, e estava jogando fora. Chance como essa, ele nunca teria de novo.
Não sei se foi o conselho ou outra coisa, mas os dois se entenderam logo em seguida. Ele dormia mais aqui do que na casa dele, almoçava e tomava café com todos da família, e trouxe metade dos seus pertences pra cá. Bem dizer, se mudou para o quarto da minha irmã. Isso deve ter feito com que ele se sentisse meio "o homem da casa", pois logo já estava a bater as portas com raiva e sair fazendo escândalos pela rua enquanto minha irmã chorava no sofá da sala. Ou melhor. Fez isso uma única vez. No dia seguinte, sentados à mesa do café, conversamos eu e ele. Minha mão tremia, de ódio. Tinha vontade de espancá-lo com a cadeira da cozinha. Me segurei, tentei ser o menos agressivo possível (mas vocês devem entender que é muito difícil), e lhe disse que se esperava continuar sendo bem recebido nesta casa, um mínimo de respeito por mim, minha mãe e, principalmente, pela minha irmã; ele precisava ter. Bater portas no meio da madrugada, acordar minha mãe por causa dos gritos, e me forçar a ver a cena deprimente da minha irmã aos prantos ao lado do telefone; definitivamente não eram exemplos desse respeito. Nunca vi minha irmã engolindo tantos sapos por causa de alguém, principalmente por um namorado. E me fazia espumar de raiva o pensamento que ela se entrega assim tão completamente a alguém como ele, que não fazia por merecer essa dedicação.
Após essa nossa conversa, eles passaram a brigar na entrada do prédio, onde não incomodavam ninguém.
Perdendo novamente o tom e a linha conexa deste texto, e dirindo o narrador a você, ocasional leitor: isso seria motivo suficiente para não gostar do cara? Ou é simplesmente um sentimento não-coeso influenciado (e muito) por uma natural preocupação pela própria irmã? A resposta é complicada, mas bastante válida. Em primeiro lugar, não vejo por que esconder que nunca tive grandes afetos pela minha irmã. Por muitas vezes a acho egoísta, arrogante, e inclusive mesquinha. Ela tem um ar de superioridade e um talento para se provar sempre certa (mesmo, e principalmente, quando não está) com que poucos são capazes de lidar. Mas ela é minha irmã. E também tem seus momentos de fraqueza, onde ela precisa desesperadamente que alguém lhe estenda a mão, e ao invés de esperar, perdida, por essa ajuda, ela pede àqueles que mais lhe importam: nós, a família dela. É uma pessoa que não aceita de maneira alguma o meu jeito de ser (da mesma forma como não aceito o dela), mas o entende como ninguém. Por fim, é minha irmã, que me protegeu várias vezes e foi protegida tantas outras por mim, dividiu por duas décadas o mesmo teto que eu. E, por mais desprezível que fosse (graças a Deus não o é), ainda seria merecedora desse meu desejo de que esteja sempre bem.
Então, me delongando ainda mais neste texto desconexo e movido pela emoção confusa, dou-lhes um novo motivo para minha grande antipatia pelo personagem citado: apesar de tantos motivos que eu tinha para agredí-lo, e mesmo assim nunca o fiz; ele próprio tomou a iniciativa. Invadiu meu quarto, elevou a voz, acusou-me de uma falta que eu não havia cometido, e ainda ameaçou-me fisicamente. Nas suas palavras, me quebraria a cara dentro da minha própria casa, na frente de quem estivesse por perto. E poucos dias após quis fazer que nada havia acontecido e me cumprimentar como um bom e velho amigo. À merda com o desgraçado.
À merda com o desgraçado, que fez minha irmã de gato e sapato quando os dois foram morar em Belo Horizonte. Que fez minha irmã chorar de desespero e perder noites de sono porque o namorado havia sofrido um acidente com a moto. Que descontou nela a raiva que tinha por não poder andar e a acusava de inútil, quando esta tinha deixado de trabalhar para poder se dedicar às necessidades dele. Que se aproveitou de todo o amor dela quando ele mais precisava, e assim que pôs os pés no chão e voltou a andar e tocar, se desfez desse amor com a facilidade que se joga fora um pano de chão já muito gasto.
À merda com ele, que bebeu do carinho da minha mãe, comeu à minha mesa, se cobriu com os lençóis que eram meus, provou de uma intimidade com a minha irmã que antes só era reservada a mim, e não cumpriu a única exigência que lhe foi feita em troca de tudo que essa família lhe deu de bom grado: que cuidasse, e muito bem, daquela que tão bem dele cuidou.

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De alhos para bugalhos. Voltei a estudar. Tudo bonitinho, como de ver. Apostila, pasta nova, caneta, e a namorada indo se despedir de mim na porta de casa. É. Estudar até que pode ser bastante agradável.

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Ontem, numa escapada básica dos estudos, acabei indo parar na escadaria, onde encontrei o Parazitta. Me ofereceram um copinho de cachaça, e recusei. Ofereceram de novo, e de novo. Lá pela quinta, topei. Cenas bizarras, como a menina que me pediu aulas de inglês. Traduzi três ou quatro frasesinhas para ela, como "God is real, but is in heaven", e expliquei a diferença de sky/heaven e o contexto da frase. Por fim, me pediu que verificasse uma frase que ela mesma havia traduzido, com o dicionário do lado: "Himself to love signify to suffer, no wish more to love you". Li a frase umas três vezes tentando entender melhor... "Ele mesmo para amar significa para sofrer, sem mais desejo de amar você" foi a melhor tentativa. Então ela me mostrou a frase original e eu fiquei rindo uns quinze minutos: "Se amar significa sofrer, não quero mais amar você".

- Porque tás rindo? Eu procurei no dicionário....

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A mesma menina, Jacqueline, pouco tempo depois estava sentada num canto, emburrada, enquanto três ou quatro bêbados tentavam segurar o seu namorado, ainda mais bêbado, que chorava, o nariz escorria até o queixo, e gritava que alguém tinha batido nele.

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Cheguei em casa, meio torto, ensaiando a historinha: "Saí na última aula, encontrei o parazitta, comecei a beber, tentei te ligar, mas meu celular estava sem bateria". "É. Tá perfeito. Resume direitinho a coisa toda".
Não adiantou. Cheguei em casa e tomei esporro por ter bebido sem a patroa. Pra compensar meu delito, deixei ela abrir a garrafa de Johnnie Walker.

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