Há duas ou três semanas adquiri o livro Almanaque dos Quadrinhos, publicado pela Editora Ediouro e que dá continuidade a uma linha que começou com o ótimo Almanaque dos Anos 80 (que tenho também). Atraído pelo projeto gráfico primoroso e pela proposta da linha editorial (que eu definiria como um apanhado de factóides e curiosidades organizado de forma extremamente competente) pedi à moça da banca de jornais que me passasse uma cópia antes mesmo que ela terminasse de me dizer o preço. Foi um ótimo investimento, sem dúvida, mesmo levando em conta as impressões que tive após iniciar a leitura.
Bem diferente do que eu havia pensado, o referido almanaque se trata de uma obra muito mais ampla, quase acadêmica. Como eu iria dizer mais tarde ao Heitor Pitombo, que teve o prazer de trabalhar no livro e realizou a fantástica pesquisa iconográfica do mesmo, isso acabou me deixando extremamente frustrado. Por ironia, o livro acabará me sendo muito útil, já que é totalmente pertinente à pesquisa que vendo fazendo para minha monografia: o volume de informações é gigantesco e os dados completíssimos.
O problema que vejo está nessa contradição entre proposta e conteúdo. Se por um lado as cores berrantes da capa (não julgue um livro pela capa?), o ótimo acabamento e a tradição editorial me prometiam uma leitura divertida e ágil, por outro bastaram algumas páginas para me revelar um futuro de noites longas de leitura chata e intermináveis anotações.
Segundo o próprio Pitombo, não houve pressão por parte da Editora para que se seguisse a mesma linha dos almanaques anteriores. Grande falha, na minha opinião. É um livro destinado a um público completamente diferente, muito mais segmentado. Acaba-se comprando gato por lebre, numa péssima analogia, admito. Era um livro que tinha tudo pra ser original, atrativo a todos, gostoso de ler e de indicar aos amigos. Acabou sendo mais uma enciclopédia técnica e chata (mesmo que muito completa) para profissionais da área e apreciadores do gênero.
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