Hora de falar um pouco da minha vida...
Última semana de aula foi divertida. Um ciclo repetitivo porém bastante agradável de diariamente dormir até tarde, ver muita televisão, ir ao colégio para fazer prova sem ter estudado porcaria nenhuma, e depois me dirigir ao boteco pra comemorar um dia a menos para a liberdade total.
No sábado imediatamente seguinte, era dia de vestibular. Demorou um pouco pra cair a ficha: "ih, vestibular é amanhã!"; mas deu pra encarar sem grandes problemas. Chegando no campus - eu, a patroa e minha cunhada - olhamos o mundaréu de gente e dissemos:
- Talvez fosse bom se a gente tivesse estudado um pouco...
Ninguém imaginava que fosse aparecer tanta gente. O índice para publicidade chegou perto de três candidatos por vaga. Nossa esperança era que todos ali tivessem ido com o mesmo pensamento, e que fôssemos concorrer com uns duzentos e setenta vagabundos que estudaram tanto quanto nós.
Graças a Deus estávamos certos. Tanto é que o Igor foi o primeiro em publicidade. Vamos ser "colegas", por assim dizer. Fiquei em sexto lugar. A Célia em décimo-segundo, e a Carla em trigésimo-primeiro. Acertei sete questões a menos que o Igor, e perdi dele por um ponto na redação. Achei que minha mãe fosse ficar relativamente feliz com a notícia, mas o que escutei foi:
- Se você tivesse estudado alguma coisa que o fosse, tinha tirado primeiro lugar!
É... Acontece. Agora é ver o que surge no vestibular pra UFSC. Averon disse:
- Pelo amor de Deus, Zunto. Se tu não passar, eu também não passo.
Engraçado ouvir isso de uma pessoa com uma bagagem cultural tão grande quanto a dele. Talvez nosso erro de cálculo esteja aí: um considera o outro mais inteligente do que realmente é. Ou não, diria o Jota.
Espero que o Averon esteja certo. Espero que eu passe. De qualquer maneira, após pagar quase quatrocentos mangos de matrícula na Estácio, não vou fazer UFSC mesmo que passe (tá certo, é de graça, etecetera... mas quatrocentos mangos é um investimento que não se joga fora). Se passar, melhor ainda. Será uma imensa massagem no ego, e uma perfeita oportunidade de esfregar na cara de certas pessoas: eu posso, viu?
Sei lá... Ando me sentindo muito bem desde ontem. Talvez não seja grande coisa. Faculdade particular, índice de inscritos bastante inferior, provavelmente ninguém estudou pra prova... Mas ainda assim eu me sinto bem. Quem sabe um dia eu abocanho um concurso público como o Windblow fez?
Pra quem levou quase nove anos pra completar o segundo grau, jamais fez um único cursinho, e a única experiência anterior em vestibulares foi na prova da UDESC ano passado, em que estava completamente bêbado... Sexto lugar é uma grande conquista :)
- Felipe Meyer
- Publicitário, redator e pseudo-quadrinhista. Ser humano do gênero masculino mais perto dos 30 que dos 20. Gestor de conteúdo do Jornal de Debates. Formado em Comunicação Social pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Casado, pai de uma linda coleção de revistas em quadrinhos, exilado de Florianópolis e tentando fazer a vida em São Paulo, na Auszuglândia.
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