As coisas aconteceram numa sequência estranha... Célia conseguiu folga no sábado, e veio feliz me avisar que íamos poder sair na sexta-feira à noite. No início da minha primeira aula, Karine estava tão bêbada que quase me agarrou no meio da sala. Completando o ciclo de bizarrices, o "punheteiro" voltou a aparecer. Já na semana anterior o mesmo cara, com seus quarenta e tantos anos, tênis e samba-canção, havia sentado em frente ao colégio pra, digamos assim, "aliviar as tensões". Pedi pra chamarem a Ariana, pra ver se ela reconhecia o cara (apesar que eu já sabia que era exatamente o mesmo) e acho que ele viu quando acenei pra ela e bati uma punheta no ar tentando fazê-la entender a que eu me referia. Ele se levantou envergonhado, levou a bicicleta até o ponto chic e lá sentou de novo, pra continuar o "ritual". Bom... Se ele aparecer mais uma vez, corro até a praça e chamo o primeiro policial que eu avistar. Sabe-se lá o que ele vai querer aprontar quando se cansar de ficar só na auto-bolinação. Vai que ele resolve de querer fazer algo com as meninas... Esse tipo de gente me dá nojo e medo ao mesmo tempo.
Retomando a narrativa anterior: cheguei em casa e a Célia estava no décimo-quinto sono. Ela só iria acordar por completo às duas da tarde de sábado, pedindo mil desculpas, sem acreditar quando eu dizia que estava tudo bem. Disse que ia me compensar com uma tarde a dois. O grande problema, no entanto, é que eu já tinha planos para o sábado. Às três horas eu me reuniria com o Giuliano e o Gê Nascimento, pra falarmos sobre a Cooperativa e outros projetos quadrinísticos. Acabei chegando atrasado, quase às cinco, e por isso demorei por lá mais ainda, voltando para casa quase às oito, e destruindo as chances de alguma atividade com a Célia. Ela, aliás, só faltava soltar fumaça das orelhas, para melhor ilustrar a raiva que sentia quando cheguei. Acabei tendo de engolir meu orgulho e, para compensá-la, fui dormir com ela na casa dos meus sogros. Porém, não saí do quarto, não falei com ninguém e só comi alguma coisa por insistência (grosseira, quase) da Célia. como diz a minha mãe, não nego ser filho de quem sou.
Voltei para casa no domingo. Minha mãe lia "Que as armas não falem", e era só elogios ao livro. Depois de alguns minutos, finalmente caí em mim e perguntei:

- Ei! esse não é o livro do pai do Averon?
- É. Ele mesmo.
- Hmmm... Depois deixa eu ler?
- Claro. Aliás, estou pensando em entrevistá-lo pra minha pesquisa. Se é que ele vai me conceder a entrevista, claro...
- Ah... Sem problemas, acho que o pai dele gosta de mim... Ele até lê o meu blogue de vez em quando! Depois eu falo com o Averon.

Pouco depois disso, minha avó ligou. Dizia que o Ilhan pretende viajar, e por isso a Fernanda (que não quer ficar sozinha com a filha) estava enviando duas passagens de ida e volta, para a minha avó e um acompanhante. A princípio, iria a Lúcia, pois é importante que vá alguém que fale inglês, para minha avó não ficar perdida por lá. Mas como a Lúcia não pode se ausentar esse tempo todo do Tribunal, minha avó fez questão de convidar minha mãe, ou algum dos filhos dela (queria oferecer a oprtunidade a alguém que nunca havia ido para lá - e não é segredo que nós aqui em casa somos os únicos da família sem dinheiro para bancar uma viagem dessas). Infelizmente minha mãe tem compromissos com os alunos da catequese e seu projeto de doutorado. Eu e meu irmão temos aula, sem falar que eu estou com o tempo cada vez mais escasso para me preparar para o vestibular. Duas semanas em Nova Iorque me fariam "gozar colorido", como diz o Averon, mas não vai dar mesmo. Sem falar que dificilmente eu conseguiria ajeitar a documentação (passaporte, visto, etc) a tempo, já que a viagem é logo na semana que vem.
Estávamos ainda rindo, eu e meu irmão (que batia o pé acreditando que podia mesmo perder duas semanas de aula - apesar de já estar quase com o ano letivo perdido) quando a Célia ligou. Estava no Hospital Universitário, com uma forte enxaqueca, e pediu que eu fosse para a casa dela. Já desde manhã ela não passava bem. Havia vomitado muito durante o trabalho. Insisti que ela pedisse um atestado ao médico, pois se não estivesse melhor no dia anterior, dane-se o tempo em que ela está no emprego, ela não iria e pronto. E não foi. Graças a Deus hoje ela parece um tanto melhor, e pretendo voltar para lá depois da aula. O clima naquela casa parece estar melhorando um pouco, depois da terrível notícia (no domingo, pouco antes do almoço) de que o irmão do meu sogro havia falecido. A ironia da Célia volta aos poucos, assim como os resmungos do meu sogro, o que significa que em alguns dias ambos já estarão ótimos novamente. De qualquer forma, espero que ela não tenha de perder outro dia de trabalho.

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