aparentemente o Ilhéu começou com uma nova política de re-elitização do local. Não é exatamente uma surpresa perceber que, ao invés de tentar elitizar pelo poder aquisitivo, decidiramtentar pela idade. O negócio é o seguinte: na entrada um segurança mal-educado pergunta se você e seus acompanhantes têm mais de vinte e um anos e pede devida identificação. Se comprovada a idade, beleza. Aproveite a noite. Caso contrário, você também entra, só que pagando! Não sei se consigo entender bem a mensagem que tentam passar. Menores de vinte e um têm dinheiro para jogar fora? Menores de vinte e um não se importam em pagar entrada para um lugarzinho apertado, sem ambiente que justifique esta entrada? Ou simplesmente eles devem achar que menor de vinte e um é tudo marmanjo, mal-encarado, contando as moedas pra tomar cerveja; e "ah! essa é uma ótima maneira de mandá-los embora".
Deve ser esta última.
Segundo ponto da minha crítica, tem exatamente a ver com o segurança citado. Todos nós necessitamos de certos serviços, que nos são prestados por outrem, sejam estes serviços indispensáveis ou não. Diversão, entretenimento, na minha opinião, é indispensável. Você fornece uma certa quantia de dinheiro em troca de um serviço equivalente. Isto faz de você um consumidor. A partir do momento em que você usufrui deste serviço com frequência, criando um laço com o fornecedor, uma frequência; você ultrapassa a definição de consumidor. Você é cliente. De "carteirinha", por assim dizer.
Quando este serviço abruptamente deixa de ser prestado, sem maiores explicações que "novas regras da casa. Desculpe"; você tem todo o direito de rodar a baiana.
E foi o que a Lili fez hoje. Rodou a baiana. Chamou o Ilhéu de espelunca, se recusou a pagar a entrada, e convidou a nós (que estávamos já dentro do bar) a irmos para outro lugar. E aí entra o grande erro do segurança, que desconhece que alguém de sua posição, desempenhando uma função como a sua, precisa ter o tempo todo algo que chamamos de postura. Este segurança não a tinha.
Ficou ofendido, pediu que chamassem o proprietário da casa, e foi o mais grosseiro possível. A vingança vem a cavalo, dizia o outro, e o proprietário permitiu que Lili e Skayller entrassem; enquanto ele, por sua vez, permaneceu lá fora para discutir certos "detalhes" com seu empregado.
E seguimos com o terceiro ponto de minha crítica ao novo Ilhéu, que se refere a outra novidade do mercado. A Nova Schin. Uma cerveja meio aguada, sem lá muito gosto. Mais leve, admito, mas sem a menor graça - que mesmo a velha não tinha, mas almejava melhor que a atual. Antes tomávamos Bohemia, estupidamente gelada e descendo suave pela garganta, fazendo-nos sentir aquele sabor msmo depois de um discreto "ahh!". Agora tomamos Nova Schin ou Primus. A promoção duas por uma ainda continua. O preço, também. Preço, aliás, que não merece uma caixa inteira que fosse da nova cerveja.
E então mandamos a lenga-lenga às favas e passamos a narrativa para a parte boa da noite: quando deixamos o Ilhéu.
Bebi uma cerveja. A outra entreguei para o Varda. Não tinha muita coragem de beber aquela urininha gelada de novo, e também tinha pressa de deixar o local. Acabamos por parar no Botequim, a uma quadra de distância. O lugar onde pagamos um pouco a mais por certos drinques, mas em termos de serviço e simpatia, são centavos extras muito bem gastos. Desde o segurança na porta ao mais tímido dos garçons, são todos simpaticíssimos. Sorrisos o tempo todo, brincadeiras, piadas. Quando surpreendemos a Lili com chapéus de aniversário, podíamos perceber que nas mesas próximas as pessoas riam, não de desdém, mas por entrarem no clima. Perguntamos sobre alguma "promoção" para aniversariante, e um garçom disse que iria verificar. Depois de alguns chopps, uns dois drinques, um "parabéns a você" e uma conversa muito gostosa, nos preparamos para dar continuidade à noite em outro lugar, quando o mesmo garçom se apressou em nos imterpelar:

- Já estão indo?
- Já. Por quê?
- Eu tô preparando um drinque de aniversário pra você.
- Ah! então a gente fica!

O drinque era o Botequim, em pessoa. À moda da casa. Com muitos morangos e uma fatia de maçã. Não sei dizer o que havia dentro dele, em termos de bebida alcoólica, mas criou quatro novos fãs. Já sabemos o que pedir quando voltarmos lá.
A próxima parada se deu no Café Marrocos, perto da Bocaiúva. Tanto tinha ouvido falar do lugar, nunca havia tido a chance de conhecer. Muita fumaça com cheiro de rosas, tequilas sunrise ou meramente tequilas, variando do gosto de cada um. Mais algumas cervejas, um drinque chamado "Love", bolinhos vegetarianos e rodízio de comida árabe. Pouco depois da meia-noite, quatro bolinhas deixavam o recinto, ora pulando, ora rolando mesmo. Uma das noites mais caras de minha vida, e com certeza uma das melhores. Só para não perder o hábito, fizemos amizade com o garçom. Para criar um novo hábito, fizemos amizade com o proprietário. Pra não nos enganarmos com a fantasia da noite, uma última ação provaria se temos classe ou não: da comida que sobrou, trouxemos para casa em quentinhas.

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