Diálogos memoráveis da história humana
Capítulo I - Eu e meu sogro
- Bonito, hein? Passaram a tarde toda na cama.
- É domingo, seu Irandy.
- E daí que é domingo? Vocês só dormem, parece que não sabem fazer outra coisa! O que vocês esperam da vida?
- Eu, pelo menos, espero poder dormir até a hora que eu quiser nos domingos.
Capítulo II - Eu, Averon e Taylor
Taylor: Cara, eu acho um desperdício quando eu vejo isso!
Zunto: O quê? As lésbicas ali?
Taylor: Fala baixo!
Zunto: Ué! Qual o problema?
Taylor: Problema nenhum! Quer dizer... Se eu tiver no meio, tudo bem!
Zunto: Rapaz, tu é muito estereotipado, sabia?
Taylor: Ei! eu só falei que acho um desperdício. Não que tenho preconceito, nem...
Zunto: Tu sabe por acaso o que é ser estereotipado? Não te xinguei, só falei que tu segue um estereótipo! Sabe o que significa estereótipo?
Taylor: Er... Olha... Eu acho que eu sei. Mas de repente o significado que eu penso é diferente do teu...
(Averon disfarça os risos)
Zunto: Estereótipo é uma característica que várias pessoas seguem igual. Ou melhor, um conjunto de características pelas quais você define um grupo de pessoas...
Averon: Um modelo!
Zunto: Isso! Um modelo! Um modelo de comportamento, por exemplo. Estereotipado é quem segue o mesmo modelo que um monte de gente. Segue um estereótipo.
(Taylor faz cara de desentendido)
Zunto: Tu, por exemplo, segue um estereótipo clássico: o do homem que não gosta de ver duas mulheres se atracando a não ser que ele esteja no meio. Conheço trocentos iguais a ti.
Taylor: Anh... Ah... Tá. Mas vê se eu não tô com a razão... Tu ia gostar de ver a tua namorada beijando outra mina?
Zunto: Peraí...
Taylor: Não mente! Eu sei que tu não ia gostar.
Zunto: Em primeiro lugar, é sabido que minha mulher não gosta dessas coisas.
Taylor: Tá! eu sei. Mas tu ia gostar?
Zunto: Não, não ia, óbvio. Assim como não ia gostar de ver ela beijando um cara!
Taylor: Viu!? Que que eu falei?
(Averon e Zunto tentam segurar o riso, com pouco sucesso)
Zunto: Tá bom, Taylor. Então digamos assim. Se você tivesse uma namorada, ia gostar de vê-la beijando outro cara?
Taylor: Claro que não!
Zunto: Então tua teoria é completamente furada!
Taylor: Ah! Tu não sabe discutir!
Averon: Claro que sabe! Ele só desvalidou o teu exemplo.
(Taylor tropeça nas palavras sem querer admitir que não entendeu)
Taylor: O que eu quero dizer, é que elas quebram o padrão!
Averon: Que padrão?
Taylor: O padrão natural, ué.
Zunto: E o que é natural pra você?
Taylor: Tu lê a bíblia? Fraquenta a igreja? Aposto que tu não é um cara religioso.
Zunto: Não sou mesmo.
Taylor: Tá. Nem eu.
(Averon cai na gargalhada)
Zunto: Qual o teu ponto então?
Taylor: A sociedade diz que tá errado.
Zunto: Aí é que tá. Sociedade. Moral e bons costumes. O antigo testamento foi escrito a quanto tempo? Cinco, seis mil anos?
Averon: Sei lá! Um monte!
Zunto: Pois então. Encontraram um homem pré-histórico, perfeitamente congelado, de catorze mil anos...
Taylor: Catorze milhões, tu quer dizer!
Zunto: Não, cuzão. Catorze mil mesmo.
Taylor: Ah, tá...
Zunto: E ele tinha esperma no ânus! E aposto que ele não lia a bíblia!
Averon: Tudo o que se diz "correto" é algo imposto pela sociedade.
Zunto: Isso! Tu só usa roupas porque a sociedade te diz que é errado passear por aí peladão. Vamos falar de animais, então. Animais lêem a bíblia?
Taylor: Anh... não...
Zunto: Pois é. Eles não têm um comportamento influenciado por uma sociedade. É tudo puro instinto.
Averon: Golfinho faz até sexo oral. é um bicho muito safado.
Zunto: Golfinho faz até orgia! Já foi comprovado que até leão dá o rabo! E tu vem me flar de "natural"?
Taylor: Ah, vocês não sabem mesmo discutir! Aí tu já tá impondo a tua opinião!
Zunto: Não tô impondo nada...
Taylor: Tá sim! Tu tá impondo a tua opinião em cima das dos outros! Não quero mais discutir!
(Zunto e Averon permanecem calmos e impassíveis, apesar da vontade incrível de rolar pelas escadas rindo sem parar)
Zunto: Não, cara. Só te mostrei fatos.
Taylor: Fatos!? Que fatos? O do leão? Então tá!
Zunto: O fato do leão dar o rabo, o fato do golfinho fazer suruba, o fato do homem congelado ter esperma no ânus, o fato disso ter acontecido muito antes da bíblia ter sido escrita...
Taylor: Anh... Ah, tá...
Zunto: Não tem nada de errado em duas mulheres se beijando!
Taylor: Não. Eu concordo. Não tenho nada contra elas. Mesmo por que, eu adoro ficar com meninas lésbicas, já fiquei com várias.
Zunto: Então elas não eram lésbicas.
Taylor: Tá... Bissexuais, que seja. Quer dizer... Não! Teve uma que eu fiquei que era lésbica, mesmo. Só que ela quebrou o padrão dela, ficando comigo.
Zunto: Ah! Então ela tinha um padrão!
Taylor: Tinha, claro.
Zunto: Então aquelas duas ali podem perfeitamente ter um padrão, o de só ficar com mulheres, e não quererem quebrá-lo!
Taylor: Claro! Mas elas já devem ter ficado com homens.
Zunto: E por que?
Taylor: Ah... Por que senão como elas vão saber que só gostam de mulher?
Averon: Tu gosta de homem?
Taylor: Eu não! Credo!
Averon: Como tu sabe?
Taylor: Porque... Anh... Peraí! Tu é heterossexual?
Averon: Sou.
Taylor: E tu?
Zunto: Também.
Taylor: Então pronto! Acabou a discussão.
Zunto: Que seja...
Taylor: Mas que eu acho um desperdício...
Capítulo III - Eu e minha namorada
- Que filme é esse?
- Um filme de pancadaria chinês.
- É sobre o quê?
- Não faço a mínima idéia. Faz tempo que desisti de entender a história, e só tô curtindo os tiros e explosões.
- Ahn... Não tem nada melhor passando?
- Não. Esse filme é muito foda.
- Tá... Mas... E nos outros canais, o que tá passando?
- Sei lá. Mas desse filme eu não tiro. Tá vendo aquele cara? Ele é quase o Homem-Aranha! Ele faz milagres com aquela cordinha.
- Ah, tá...
- Agora a pouco aquele outro ali quase espancou um carinha com uma marreta. Sabe, aquelas de derrubar parede.
- Eles tão falando espanhol?
- É! Alguns deles falam espanhol, outros falam inglês, e uns poucos falam chinês.
- Tá... Eles são japoneses...
- Chineses.
- Tá... Chineses. Que falam espanhol.
- Isso.
- Por que?
- Por que eles são de Aracaju.
- Anh? Fala sério, Felipe.
- Não! Eu tô falando sério! Eles são de aracaju!
- Ai, Felipe. Tô te perguntando! Fala a verdade!
- Mas é verdade! Assim... Uma hora o carinha fala "tem essa praia, que fica na américa do sul e se chama... bom eu não sei como se chama". Aí mostra o mapa do Brasil, passando por um monte de praia, mostra Fortaleza, mostra sei lá mais que cidades, e aí aparece em vermelho: "aracaju". E pra não deixar dúvidas, aparece bem grande no meio da tela, "aracaju", e uns carinhas vestidos com roupa da swat no meio de uma tempestade, e um carinha falando no rádio "ventos de sei lá quantos quilômetros por hora", e só então eu percebi: ele falava em espanhol! E os carinhas da swat também!
- Ah, só... Tudo bem se eu voltar pro computador?
- Vai lá.
- Felipe Meyer
- Publicitário, redator e pseudo-quadrinhista. Ser humano do gênero masculino mais perto dos 30 que dos 20. Gestor de conteúdo do Jornal de Debates. Formado em Comunicação Social pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Casado, pai de uma linda coleção de revistas em quadrinhos, exilado de Florianópolis e tentando fazer a vida em São Paulo, na Auszuglândia.
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