Algum tempo atrás criei um pequeno projeto de um portal da família Meyer. A idéia era criar uma árvore genealógica online, com páginas pessoais para cada um, com sistema de e-mails e publicação de notícias. Algo bem simples mesmo. Uma procura por domínios revelou algumas coisas interessantes:

Meyer.org - "The Meyer Family". Não tem nada que preste, só um grande desenho da bandeira americana e uma ou duas frases de protesto contra o ataque de 11 de setembro.
Meyer.com - uma fábrica de utensílios para a cozinha.
Meyer.net - essa é a que causa mais revolta. Aparentemente, um grupo americano comprou o domínio de centenas de sobrenomes só para poder alugá-los em hospedagem e contas de e-mail personalizadas. Chega a ser pior que aquele carinha que registrou jornalnacional.com.br pra tentar vender depois.

Hoje tomei um susto. Encontrei o Virus na rua (não bem na rua, na verdade foi na praça dos bombeiros), mais ou menos ajeitado, sem aquela expressão default de "west side story wannabe" dele. Óculos escuros redondos, daqueles que fazem você parecer um beatnik. E de mãos dadas (pasmem!) com uma moreninha muito da bonitinha e com a barriguinha de fora (quanto diminutivo numa só frase. Ack!).
É. Enfim conheci a "moça" do Virus. Não conheci exatamente, também... Porque fiquei conversando com ele sobre festas disso e festas daquilo e nem capaz de dar um oi para a morena eu fui (serei eu uma pessoa antipática?). Mas vi. E realmente... Virus se deu bem.
Uma passadinha no blogue do cara confirmou ser ela a famosa Sarali. Mas ela não tem cara de careta (piadinha infame).
Ah. Já que isso é um blogue, vale falar da minha vida vez ou outra. Nesta madrugada completei - ou melhor, completamos, afinal somos um "casal de dois" - cinco meses de namoro.
É. Tô feliz. Não imaginam o quanto. Feliz demais, creio, pra colocar este sentimento em palavras.
Por isso nem vou tentar. Usem a imaginação. Tchau.

Em uma festa do cabide, os convidados estão inicialmente com suas respectivas roupas. Em um dado instante, o anfitrião escolhe um convidado e esse convidado - junto com todos os seus amigos - deve despir-se caso esteja vestido e colocar suas roupas caso esteja nu. É sempre possível que em um dado instante, todos estejam nus (independente de quem seja amigo de quem)?
Observação: a amizade é uma relação recíproca.

Noite agradável.
O primeiro curta, "Sin Sentido", criou dúvida em alguns. Mas a grande maioria simplesmente não gostou. Experimentativo demais, viajante demais. Eu diria até, chapado demais. A não ser "Gusto", a terceira história. Daqueles que perguntei, não achei ninguém que não tivesse pelo menos se agradado com o conto. O último também teve seu mérito, mas não foi o suficiente para impedir que várias pessoas se levantassem e fosse embora após o fim do curta.
O segundo curta, "Noche Santa", ou como o Averon rebatizou: "Papai Noel: El Mariachi"; arrancou muitas risadas da platéia, e parece ter agradado geral. As legendas em inglês, na minha opinião, só ajudaram. De qualquer modo, ao contrário do primeiro curta (fosse pela ausência de legendas neste, ou simplesmente a surrealidade da mente do diretor), deu pra entender. E se divertir. Só quem não gostou foi o Chico. Mas quem liga pra opinião dele?
Conheci o pai do Averon na fila do carrinho de pipocas. Sujeito muito simpático, gostaria de ter trocado mais do que um oi e meia dúzia de meias-palavras com ele. Já comentei que ele lê esse blogue de vez em quando?
O longa, por sua vez, me agradou bastante. Apesar da narrativa lenta, bastante cansativa até, conta uma história agradável, singela, sem grandes pretensões. Em certa altura do campeonato, quando o relógio já marcava lá por dez e meia, a Célia se virou e disse:

- Também não aguentas mais?
- Que nada! Eu tô adorando!
- O Quê!?

É. Sem dúvida alguma nossos gostos andam bem diferentes. Pra tirar a dúvida, me virei para o Averon:

- Tás cansado?
- Nem um pouco.
- Tás gostando?
- Muito.
- Eu também.

Dois contra um. Ganhamos. Eu esperava sair do auditório da Justiça Federal por volta de umas dez e pouco, quase onze horas. Saímos de lá onze e meia. Tenho de admitir que em alguns momentos me perguntei se aquele filme não terminaria nunca. Ele me fez perder toda a noção da passagem do tempo. Quando apareceu "Fin" na tela, a Célia estava indignada, falando mal do filme e reclamando que ele não tinha um final. Eu e o Averon discutíamos sobre como tínhamos gostado do filme.
Na escada, a Célia lembrou da irmã:

- Ainda bem que a Carla não veio! Ela ia sair do cinema chutando todo mundo.

Isso me fez lembrar de outro filme do qual discordávamos absurdamente. Chamei o Averon:

- Viu Despedida em Las Vegas?
- Claro!
- Gostou?
- É altos filme!
- Concordo. Sou apaixonado. A Célia odeia.

Rumo ao terminal, uma pergunta receosa:

- Quer vir amanhã comigo, ou vamos ser só eu e o Averon?
- Dependendo do que for passar, até quero.
- Amanhã é animação.
- Ah. Então eu venho. Mas se tiver chato eu saio no meio.
- Combinado.

Notícias do meu cunhado. Liguei de tarde para a minha irmã, e o pai del já tinha chegado em BH. Ela estava decidindo alguns detalhes com ele sobre os médicos, antes que ele fosse levado para a cirurgia. Graças a Deus o estrago foi menor do que poderia ter sido. Uma perna quebrada, fisioterapia longa e entediante, muito tempo sem tocar. Mas de resto, só arranhões. E ele tá vivo, né. É sempre bom lembrar.

Quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas. Snake Plissken sabia das coisas. Se bem que John Carpenter podia ter cortado fora aquela ceninha do surf tsunâmico. "Até que eles fizeram umas animaçõezinhas boas pra época", eu falei pra Célia depois das cenas de terremotos e etecetera, dos tempos em que eles pensavam que 1998 era um futuro distante.
A um bom par de anos atrás fiz a bobagem de me mandar pra uma festa com o virus. Encontrei um pessoalzinho que eu não curtia e que, surpresa, também não me curtia muito. O Virus acabou ficando puteado comigo, porque enchi a cara e fiz ele passar vergonha na frente da garota que estava afim. Com razão. Ela passou uma hora pelo menos me dizendo que eu parecia cupido de jardim de infância, insistindo sem parar que os dois se beijassem. Quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas. Aquele dia voltei abojado no carro do Tatato. Naquele dia ela bateu o carro. Que bom que eu não dirijo.
Sábado o Virus apareceu na casa do Peace com uma garota. Apresentou como Danizinha. "Ei! Tu não é aquela mina que eu incomodei a noite toda na festa do Galera pra agarrar o Virus?", perguntei. Era a própria. "O casal mais lindo da internet", crinquei, me referindo a Virus e Averon. Virus pegou a menina pelo braço e disse: "casal lindo somos nós". É. Ele estava afim. De novo.
Lá depois das tantas a Célia sumiu. Se mandou com umas cinco ou seis mulheres pra praia, não me avisou, só deu tchau e nada mais. Quando achei que ela estava demorando demais - na falta de beijos - matei o tédio voltando a beber. Quando vi estava aquele caco que todos bem conhecem. O Virus deve estar puteado comigo (ele sempre acaba ficando puteado, pelo menos umas três vezes ao mês). A Danizinha deve estar rezando pra levar mais uns dois anos pra me encontrar de novo. O Averon, claro, deve estar morrendo de rir, como sempre. Voltei abojado no carro do Conrado, falando alto sobre o amigo do Shao que namorou uma puta. Sei lá como a Danizinha voltou. Quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas.
De repente seria bom que eu fizesse uma pequena série de ligações. Ao Peace, pedindo desculpas por quase derrubar o barco. Seria meio difícil explicar porque eu queria passar por debaixo do barco e qual a relação disso com a fila do banheiro. Ao Varda, pra agradecer pela carona do irmão dele, e pedir desculpas por qualquer coisa estranha ou ofensiva que eu possa ter dito no carro. À Chuva, por ter dito que não gostava dela. À Kurt, não. Ela sabe que eu não gosto mesmo. Ao Virus nem adianta ligar. Ele ficaria horas falando sem parar, eu não entenderia metade, meus ouvidos inchariam, e de qualquer modo isso passa em uma semana ou duas mesmo...

* * *

PrEsUnToW> o virus tá muito puteado comigo? :P
Averon`In`Box> nah
PrEsUnToW> tem certeza? :P
Averon`In`Box> quer dizer. ta, mas é aquela putidão default de virus. acho q ele ñ se liga mto :P
PrEsUnToW> ou seja...
PrEsUnToW> na próxima vez q a gente for beber ele já esqueceu, neh? :P
Averon`In`Box> é :)
Averon`In`Box> na verdade ele vai passar a noite toda reclamando
Averon`In`Box> mas ñ vai deixar de beber com vc por isso :P

Minha irmã ligando tão tarde não podia mesmo ser notícia boa. Meu cunhado, ao que parece, foi mudar de pista e não viu um paralelepípedo no meio da estrada. A moto, com certeza, deve ter ido pro saco. Agora os dois já devem estar em casa - não havia leito disponível no hospital. Além de quebrar a perna, ele conseguiu uma coleção de machucados que o fazem gritar e chorar de dor o tempo todo. Fora o fato que deverá ficar no mínimo três meses sem poder tocar bateria - isso se não acontecer de nunca mais poder tocar.
Considerando que ele se mudou para Belo Horizonte porque assinou contrato com o Wilson Sideral, isso praticamente acaba (ou adia muito) com a carreira dele.

Papo matinal

- Deixasses coisa no fogo e esquecesses.
- Ai, meu Deus! A minha aveia queimou!
- Queimou. Queimou mesmo!
- Desligasses?
- Desliguei. Mas duvido que tu vá querer comer aquilo.

* * *

Cada vez tenho dormido menos. Como se meu corpo não precisasse mais. O engraçado é que não demonstro sinal algum de fadiga ou cansaço. Se o modo como me sito não for mera fantasia, posso ficar acordado sem avermelhar os olhos até a próxima noite. Considerando que não dormi mais que duas horas esta noite, é quase como se eu estivesse desenvolvendo superpoderes.
Ou vai ver é porque ando gordo demais e não faça porcaria nenhuma pra gastar as energias acumuladas. Uma bateria ociosa.

Como presente atrasado de aniversário, meu irmão ganhou uma viagem para Belo Horizonte, para assistir o show do Silverchair. O ingresso seria presente da minha irmã. Mas pra variar, minha irmã acabou que não tinha o dinheiro. Então minha mãe mandou o dinheiro do ingresso também. Chegando lá, meu cunhado conseguiu os ingressos de graça (uma certa economia, afinal os ingrssos custavam sessenta reais). Minha mãe então disse que minha irmã ficasse com o dinheiro. Minha irmã, no fim das contas, não ficou com o dinheiro, e ligou pedindo que minha mãe depositasse o aluguel, depois que meu irmão já estava no ônibus de volta (com mais de sessenta reais no bolso, que ele talvez sonhe que vão ficar para ele). Complicado, não?
Para completar, meu irmão tinha de entregar um trabalho de inglês no colégio, o qual não entregou pois perdeu dois dias de aula. Para desencargo de consciência, minha mãe lhe comprou uma máquina fotográfica (daquelas descartáveis) para que tirasse fotos do show e anexasse ao trabalho (sim: o trabalho é sobre a banda). Sugeriu, por brincadeira, que ele fotografasse o apartamento de minha irmã, pra sabermos como é.
O idiota gastou quase o filme inteiro no apartamento, e deixou a câmera em casa quando foi ao show.

Vir da casa da Célia até o centro com o ônibus cantando pneus em cada curva me faz duvidar seriamente da segurança do transporte público florianopolitano.

* * *

Meu sogro é um cara esperto. Quando tem de dar presente para alguém da família, primeiro verifica o que falta na casa. A Carla já ganhou um aparelho de som e a Célia um microondas. Ou seria o contrário? Ano passado deu um ferro de passar roupa para a esposa e quase o recebeu de volta, na cabeça. Esse ano comprou um celular novo. Para ele mesmo! E deu o velho para a minha sogra.

* * *

Sexta-feira minha mãe chegou em casa com dois pacotinhos. Me entregou e disse: "são os meus presentes de dia das mães". Cheguei com a Célia hoje na casa da minha avó (atrasado, para variar), e lhe dei o cd.

- Olha... O dinheiro tava curto esse ano, então só deu pra comprar isso aqui.
- Oh... Obrigado!

Minhas tias e primas e avó chutavam "é do Fulano", "é da Maria Beltrana", e minha mãe dizia sempre "nãããooo", então intervi:

- Como você sabe que não é? Fui eu quem escolheu!

Ela abriu e eu finalmente descobri que era um cd da Joanna.

- Vai, mãe. Agora finge cara de surpresa.

* * *

Indo pro terminal, mamãe me ligou:

- Onde tu colocou meu outro presente?
- Que presente?
- O meu sapato!
- Que sapato, mãe? Já te falei que esse ano a grana tava curta.
- Ah, Felipe... Pára de brincadeira.
- Que brincadeira? Eu não sei mesmo do que tu tá falando!
- Ah... Em casa a gente conversa.

* * *

Já em casa, me fiz de desentendido de novo. Perguntei se ela estava ficando doida e perguntei para a Célia "tu até me ajudou a escolher o cd, não é?" mas ela pediu pra ficar fora da história, o que acabou com a minha cara. Mas tudo bem, eu sou persistente.

- A opinião dela não conta, mãe. Tu sabe que a Célia tem aqueles problemas de memória.

* * *

Estou assando um bolo. Como não sabia a proporção de uma xícara de açúcar para tantas gotas de adoçante, fiz um bolo normal mesmo. A cobertura vai ser com leite condensado light, só pra compensar um pouco (na verdade é o único que tem, mas vale a intenção). Depois de chapar a velha de tanto bolo, dou os benditos sapatos.
Pensar que toda essa história foi só pra ela não reparar que eu esqueci de embrulhar a caixa, como ela me pediu.

Tarde agradabilíssima. Terminei alguns detalhes da página/portfólio que estou fazendo enquanto esperava para ir buscar a minha moça (®, by Virusman). Depois de tanto tempo sem vê-la (quatro dias!), cobri-a de beijos assim que a vi, quando chegava ao terminal. Continuamos os beijos e as declarações apaixonadas em casa, assistindo tevê. Perto das seis, minha cunhada passou por aqui, e fomos os três para a Feira do Livro.
Deixamos a Célia na fila para conseguir autógrafos do Luís Fernando Veríssimo enquanto eu e a Carla saímos para escolher (e comprar, claro) um livro para ser devidamente autografado. Carla foi na frente, eu fiquei do lado, mas a Célia nem quis chegar perto. Ficou parada na entrada do estande. A Carla ficou tão empolgada que aproveitou pra pedir que o Veríssimo assinasse sua agenda também. Chegando na minha vez, sem papel ou livro qualquer nas mãos, simplesmente me curvei e disse:

- Não quero autógrafo não. Só quero apertar a sua mão, porque tenho um imenso respeito pelo senhor.

Ele apertou rindo, e agradeceu.
Agora estamos em casa, esperando o tempo passar. Depois de sair do estande, encontramos minha mãe, que nos deu dinheiro para o cinema e aproveitou para nos atrasar ao máximo - comprando livros e livros. Prometi que iria lá com ela num outro dia para olharmos os estandes com mais calma e gastar toda a pensão dela em livros.




Chega uma hora em todo relacionamento em que a TPM passa a ser fator importante no entendimento das duas partes. Me surpreendi com a calma que mantive ontem, a paz de espírito e a despreocupação com que conduzi a conversa. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa da qual se arrependeria depois, impulsionada pela guerra hormonal que ocorria em sua mente, eu antecipava seus pensamentos e a confrtava. Eu dizia que entendia e, nesse caso raro, entendia mesmo.
"Não repara se eu tentar terminar contigo nos próximos dias", ela disse. Eu sabia de antemão que aquilo já havia passado pela mente dela. Sugeri de darmos um tempo, e me apressei a explicar antes que ela pensasse algo errado. Disse que ela deveria, mesmo, ir para casa, passar alguns dias com a família, sem nos vermos. Tudo parte de uma conversa que já havíamos tido sobre reconquistar a confiança da família dela. "Acorda cedo", eu disse, "faz as tuas coisas, põe tudo em dia, e na quarta-feira a gente se encontra pra matar a saudade".
Não que estejamos passando por uma crise, uma fase difícil no namoro. Longe disso. Jamais houve tanto comprometimento, tanta paixão. Há apenas os momentos. Momentos onde surgem as dúvidas, surgem as más impressões. Momentos que normalmente se dissipam com rapidez, mas que perduram um pouco mais quando a menstruação se aproxima. E depois de quatro meses juntos, colados, grudados completamente um no outro, alguns dias de distância são bastante saudáveis.
Deixei-a no terminal e refiz o caminho para casa, desviando um pouco para comprar cigarros. Tive tempo de pensar bastante, e refletir que esse tempo seria bom para mim também. Mas antes de qualquer coisa, eu precisava descarregar a carga emocional em alguma coisa. Normalmente eu a cobriria de beijos, mas ontem a solução foi alugar um filme e me encher de comida.



Egotrip vetorial 3.0


 

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