Vir da casa da Célia até o centro com o ônibus cantando pneus em cada curva me faz duvidar seriamente da segurança do transporte público florianopolitano.
* * *
Meu sogro é um cara esperto. Quando tem de dar presente para alguém da família, primeiro verifica o que falta na casa. A Carla já ganhou um aparelho de som e a Célia um microondas. Ou seria o contrário? Ano passado deu um ferro de passar roupa para a esposa e quase o recebeu de volta, na cabeça. Esse ano comprou um celular novo. Para ele mesmo! E deu o velho para a minha sogra.
* * *
Sexta-feira minha mãe chegou em casa com dois pacotinhos. Me entregou e disse: "são os meus presentes de dia das mães". Cheguei com a Célia hoje na casa da minha avó (atrasado, para variar), e lhe dei o cd.
- Olha... O dinheiro tava curto esse ano, então só deu pra comprar isso aqui.
- Oh... Obrigado!
Minhas tias e primas e avó chutavam "é do Fulano", "é da Maria Beltrana", e minha mãe dizia sempre "nãããooo", então intervi:
- Como você sabe que não é? Fui eu quem escolheu!
Ela abriu e eu finalmente descobri que era um cd da Joanna.
- Vai, mãe. Agora finge cara de surpresa.
* * *
Indo pro terminal, mamãe me ligou:
- Onde tu colocou meu outro presente?
- Que presente?
- O meu sapato!
- Que sapato, mãe? Já te falei que esse ano a grana tava curta.
- Ah, Felipe... Pára de brincadeira.
- Que brincadeira? Eu não sei mesmo do que tu tá falando!
- Ah... Em casa a gente conversa.
* * *
Já em casa, me fiz de desentendido de novo. Perguntei se ela estava ficando doida e perguntei para a Célia "tu até me ajudou a escolher o cd, não é?" mas ela pediu pra ficar fora da história, o que acabou com a minha cara. Mas tudo bem, eu sou persistente.
- A opinião dela não conta, mãe. Tu sabe que a Célia tem aqueles problemas de memória.
* * *
Estou assando um bolo. Como não sabia a proporção de uma xícara de açúcar para tantas gotas de adoçante, fiz um bolo normal mesmo. A cobertura vai ser com leite condensado light, só pra compensar um pouco (na verdade é o único que tem, mas vale a intenção). Depois de chapar a velha de tanto bolo, dou os benditos sapatos.
Pensar que toda essa história foi só pra ela não reparar que eu esqueci de embrulhar a caixa, como ela me pediu.
- Felipe Meyer
- Publicitário, redator e pseudo-quadrinhista. Ser humano do gênero masculino mais perto dos 30 que dos 20. Gestor de conteúdo do Jornal de Debates. Formado em Comunicação Social pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Casado, pai de uma linda coleção de revistas em quadrinhos, exilado de Florianópolis e tentando fazer a vida em São Paulo, na Auszuglândia.
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