Chega uma hora em todo relacionamento em que a TPM passa a ser fator importante no entendimento das duas partes. Me surpreendi com a calma que mantive ontem, a paz de espírito e a despreocupação com que conduzi a conversa. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa da qual se arrependeria depois, impulsionada pela guerra hormonal que ocorria em sua mente, eu antecipava seus pensamentos e a confrtava. Eu dizia que entendia e, nesse caso raro, entendia mesmo.
"Não repara se eu tentar terminar contigo nos próximos dias", ela disse. Eu sabia de antemão que aquilo já havia passado pela mente dela. Sugeri de darmos um tempo, e me apressei a explicar antes que ela pensasse algo errado. Disse que ela deveria, mesmo, ir para casa, passar alguns dias com a família, sem nos vermos. Tudo parte de uma conversa que já havíamos tido sobre reconquistar a confiança da família dela. "Acorda cedo", eu disse, "faz as tuas coisas, põe tudo em dia, e na quarta-feira a gente se encontra pra matar a saudade".
Não que estejamos passando por uma crise, uma fase difícil no namoro. Longe disso. Jamais houve tanto comprometimento, tanta paixão. Há apenas os momentos. Momentos onde surgem as dúvidas, surgem as más impressões. Momentos que normalmente se dissipam com rapidez, mas que perduram um pouco mais quando a menstruação se aproxima. E depois de quatro meses juntos, colados, grudados completamente um no outro, alguns dias de distância são bastante saudáveis.
Deixei-a no terminal e refiz o caminho para casa, desviando um pouco para comprar cigarros. Tive tempo de pensar bastante, e refletir que esse tempo seria bom para mim também. Mas antes de qualquer coisa, eu precisava descarregar a carga emocional em alguma coisa. Normalmente eu a cobriria de beijos, mas ontem a solução foi alugar um filme e me encher de comida.

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