Hipocrisia não tem limite...

Vamos relembrar um pouco... Uma jovem é assassinada e o crime é imediatamente ligado ao RPG. Ocupa matérias de jornais no Brasil todo, mídia impressa, rádio e televisão. A maior rede televisiva do Brasil é a que trata o caso de maneira menos objetiva. Ponto.
A mesma emissora, tempos depois, licencia os direitos de dois de seus programas de maior sucesso para um RPG de mesa e um card game. Ponto.
Apesar de toda a polêmica em cima do jogo "Vampiro, A Máscara", a mesma emissora inaugura na rede um site sobre as criaturas da noite, onde se utiliza de vários termos e definições provindas do RPG "Vampiro...", porém, sem citar a fonte. Ponto.
Revelando enfim a estratégia toda, a emissora lança uma novela com personagens vampiros. Segue toda uma publicidade em cima do programa, como nunca se viu antes. Aproveitando a versão brasileira de um dos mais utilizados serviços de "web journal" do mundo (versão esta de propriedade da tal emissora), chega-se inclusive ao ponto de personagens da novela manterem seus próprios blogues na rede. Ponto.
Uma criança mata o próprio pai com um tiro de revólver. Segundo a investigação, o menino pretendia atirar no vilão-vampiresco da televisão. O ocorrido tem pouca repercussão na mídia. Ponto.
A emissora-amiga-da-garotada lança "Heróis e Vampiros", jogo on-line cujo nome tem óbvia referência a "Dungeons & Dragons" (Calabouços e Dragões), e que serve como mais um gancho para chamar a atenção para a novela. Apesar de tudo, não chega a ser um RPG. Na verdade, é um card-game via web onde vampiros e caça-vampiros se enfrentam. Pra variar, a página está cheia de problemas de programação. Ponto.

Fim do post indignado.

Considerações e perguntas que surgem após o post indignado: uma novela chama muito mais atenção e é de maior acesso do que um jogo como o RPG. Um esquema monumental de marketing como o da Globo supera qualquer anúncio publicitário feito em uma revista especializada em RPG e de circulação deveras limitada. Não teria a novela muito maior poder de influência do que um livro com mais páginas do que a maioria dos brasileiros suportaria ler e mais caro do que a maior parte da população pode pagar? Consideremos também o fato de que o número de pessoas que tem acesso a um determinado livro é milhares de vezes inferior ao número dos que tem acesso a uma televisão (mesmo entre os mais miseráveis). Se pessoas começarem a aparecer mortas em cemitérios, com marcas de dentadas nos pescoços, ou crianças começarem a pular do décimo segundo andar por acharem que podem se transfromar em morcegos... Surgirá uma perseguição ao Tarcísio Meira? Eu acho que não.

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