A cerca de um mês atrás, chegou pelo correio o folder da UDESC. Entrei na página, me inscrevi, imprimi todas as informações, o boleto bancário, a ficha do candidato, etecetera. Minha mãe disse: "temos até o dia trinta e um. Não se preocupe".
Os dias foram se passando e eu sempre que podia, dava uma relembrada. "Temos até o dia trinha e um. Não se preocupe, eu não esqueci". Em certo ponto eu só perguntava "que dia é hoje" e ela respondia "não esqueci do seu vestibular. Temos até o dia trinta e um".
Até que chegou o dia trinta e um, e quem adivinhar se eu tinha ou não os sessenta e cinco reais para a inscrição, ganha um doce. Pois é; cobrem de mim aqueles que responderam "não" (cobrem, mas não tenham esperanças, pois eu sou caloteiro).
Mas eis que a sorte nos sorri, e minha mãe, numa última tentativa desesperada, liga para uma de suas irmãs para pedir o dinheiro emprestado. A resposta que vem é melhor que a esperada: minha prima confundiu-se, pagou a inscrição e só depois descobriu que não havia vestibular para artes cênicas este semestre. Dei um pulo na casa delas, aqui do lado, peguei o manual do candidato e a ficha de inscrição (ainda não-preenchida) e fiquei me divertindo assinalando bolinhas. De repente surge um outro problema: o prazo de entrega da ficha de inscrição também é até o dia trinta e um, e eu não tenho uma foto datada, nem, por sinal, dinheiro para tirá-la.
Desespero! Desespero! Desespero!
Mas... Uma idéia maléfica passa por minha mente. Ao contrário da UFSC, o vestibular da UDESC só pede uma foto. E uma foto eu até tenho... colada na via do candidato para o vestibular da UFSC. Um estilete e muita cautela resolveram o problema. Agora tenho até janeiro para tirar outra foto e colar na via do candidato que sobrou.
E duas horas para chegar ao banco e entregar a ficha de inscrição. Portanto... Vou me arrumar e correr pro centro. Depois, acabo ficando por lá mesmo, até a hora da aula, e saio antes da terceira aula, para ver a estréia da peça da minha irmã. Há ainda o problema da garrafa de Smirnoff que devo para a minha irmã. Ela insiste para que eu pegue o dinheiro da garrafa com o Skayller e a Gisele, mas eu não tive coragem de dizer que nenhum dos dois me deve nada. Ou seja: a dívida é minha e só minha, e o prazo final para pagá-la encerra-se hoje. Nem vou ficar para dar os parabéns. Depois que a peça terminar, eu pico a mula e invento uma desculpa posterior.
Eu não disse que sou caloteiro? ^_^

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