Tira a calcinha, ele disse. Franzi a sombrancelha, hesitei, até que perguntei. Por quê? Fico excitado sabendo que você está sem ela, ele disse. Tirei devagar, me apoiando na parede do elevador com uma das mãos. Me dá, ele disse. Fechou os olhos, cheirou, e pôs no bolso. Adoro o cheiro da sua buceta, ele disse. Apenas ri.
Entramos no carro. O velho carro de sempre, com o estofamento manchado e a porta do carona que não abria. Me dá sorte, era do meu pai, ele sempre dizia, pra defender o carro. Era uma lata velha, sem dúvida. Mas era a lata velha dele. Não admira que você goste do cheiro da minha buceta, com o cheiro que esse carro tem, me ocorreu. Mas não ousei dizer.
Chegamos ao restaurante atrasados. Insisti que devíamos ter saído mais cedo. Ele não respondeu. Ambos sabíamos que a culpada do atraso era eu mesma, mas eu jamais admitira e ele, cúmplice perfeito, conhecia bem as regras de nosso relacionamento. Ele pediu desculpas, e essas mesmas desculpas me fizeram lembrar o motivo por que sou tão apaixonada por ele. O cúmplice perfeito, como eu disse.
Paulo estava na porta. Estou sem calcinha, eu disse baixinho, em seu ouvido. Paulo riu. Provavelmente achou que era brincadeira. Paulo nunca foi bom em diferenciar brincadeiras de verdades cômicas. Marisa estava ao lado de Paulo. Repeti a frase no ouvido de Marisa, e Marisa, mais consciente da relação que tenho com ele, entendeu.
Vou com Paulo, volto logo, ele disse. Fiquei com Marisa e Roberta, que recém chegara. Pedro não veio, perguntei. Tivemos uma pequena discussão, Roberta respondeu. Pelo que conheço de Roberta, e das brigas de Roberta e Pedro, soube logo que uma "pequena discussão" envolvia vasos quebrados e reclamações dos vizinhos.
Eu, Marisa e Roberta tomamos alguns drinques. Conversa de mulher, diria ele, tentando disfarçar com um tom brincalhão o machismo natural que ele jamais conseguiu esconder de mim. Ele, Paulo; e Pedro - para surpresa das mulheres, inclusive eu - voltaram cerca de meia hora depois. Nos dirigimos à mesa, sentei com ele, Marisa sentou com Paulo, e Pedro e Roberta sentaram-se em lados opostos da mesa.
Ele colocou a mão na minha perna. Enquanto iniciava uma conversa sobre futebol com Paulo, desceu a mão até o meio das minhas coxas, e subiu um pouco, acariciando minha vagina com os dedos. Pedro tentou fingir que ignorava a presença de Roberta, e entrou na conversa. Ele me masturbava com uma das mãos, enquanto segurava a taça de vinho com a outra. Continuava a insuportável conversa futebolística como se eu não estivesse ali. Não importava. De alguma forma, ele percebia o gozo se aproximando e parava. Aquilo me deixava ainda mais louca. Quando eu pensei que não suportaria mais, que acabaria gritando no meio do restaurante, tamanho prazer aqueles dedos me davam, ele parou. Chamou o garçom e fez o pedido. Sequer olhou o cardápio. Sabia exatamente o que queria, e antes que qualquer um dos outros pudesse se manifestar, fez o pedido de Marisa, Paulo, Roberta e Pedro, também. A comida daqui é ótima, ele disse. E lambeu os dedos da mão que usara para me masturbar. Ri sozinha, sem saber se ria por saber que todos sabiam do ocorrido, ou se ria porque acreditava que ninguém havia percebido.
Saímos do restaurante umas duas, três horas depois, não soube definir com precisão. Bêbados, Marisa, Paulo, Roberta e Pedro - já reconciliados - riram de mim, entrando desajeitada pela porta do motorista e pulando para o banco do carona, cuja porta não abria. Fomos embora, eu e ele, num impassível silêncio até estarmos próximos de casa. Põe, ele disse, tirando a calcinha do bolso e estendendo na minha direção. Por quê, perguntei. Quero ter o prazer de tirar sua calcinha quando chegarmos em casa, ele respondeu.

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