Virei para o lado e remexi entre as roupas, jogadas no chão de qualquer jeito. Fui achar os cigarros misteriosamente dentro dos tênis. Ri. Eu acabava de completar com maestria o estereótipo do homem que fode e acende um cigarro pra comemorar. Me dá um pega, ela disse. Os seios, descobertos, tinham pequenos hematomas e marcas de mordidas. Me bate, ela disse. Não nessa hora. Antes. Eu bati. Dois ou três tapas com as costas da mão. Senti o lençol molhado embaixo de mim. Não sabia se era de suor ou do sangue das minhas costas. Ela me arranhou. Com força.
Me dá um pega, ela disse de novo. Parei de pensar nos seios mordidos e nas costas molhadas e ofereci o cigarro. Ela deu uma tragada longa e começou a rir. Virou o corpo e me abraçou, ainda rindo. Te amo, ela disse. Idem, eu disse. Era mentira.
Você é lindo, ela sussurrou. Eu sei, eu pensei. Mas não disse. Ela ficou esperando uma resposta. Não teve. Ela era linda, sem dúvida. Não senti vontade de reafirmar o fato.
Ela me passou o cigarro. Dei uma, duas fumadas. Ela jogou a perna por cima das minhas. O joelho encostou de leve umas duas vezes no meu saco. Ela percebeu. Provavelmente fez de propósito. Fiquei excitado com aquilo. Ela se arrastou para a metade da cama e pôs meu pau na boca. Apaguei o cigarro.
Ela beijou minha barriga. Com as unhas, arranhava de leve as minhas coxas. Te amo, ela disse. Também, eu disse. Era mentira, mais uma vez.
Me bate, ela pediu.
Eu bati.

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