Não me perguntem o porquê, mas ontem, enquanto divagava sore DK2, me vi pensando em Stan Lee... Stan Lee e sua péssima brincadeira de Deus. "Imagine se Stan Lee Criasse o Universo DC" é simplesmente uma das piores séries que eu já li na minha vida. É deplorável ver as críticas, que salientam o tempo todo como a trama é fraca, tudo é recheado de clichês e nada é muito mais original que uma laranja vendida a quilo, e ainda assim defendendo as histórias como um "exercício de imaginação". Stan Lee sempre foi e sempre vai ser "The Man", mas ele está ultrapassado como roteirista. IMHO, ele deveria ter ficado na limitação que a própria frase impõe: "se Stan Lee CRIASSE"... Os conceitos que ele criou pros personagens não deixam de ter os seus méritos, mas ele bem podia ter entregue o papel de desenvolver a história, para pessoas que (ainda) sabem o que estão fazendo. Do tipo dizer "Batman é um menino pobre... Hmmm... digamos que ele seja filho de um policial assassinado, e viva com a mãe... Gostei disso! Mas precisamos de algo mais pra explicar sua origem. Já sei! Vamos mandá-lo pra cadeia por um crime que ele não cometeu, e depois fazê-lo ganhar dinheiro com luta-livre... Isso! Liguem para o Peter David! Quero que ele escreva a história", e pronto! Profissionais qualificados fazendo um trabalho digno de ser relembrado por muito tempo.
Mas a série teve seu mérito, sim, pelo menos pra mim, pois me fez "exercitar a imaginação" também. A um tempo atrás lançaram uma edição especial do Wolverine anunciada como "Wolverine: Rio de Sangue / Um X-man no Brasil", com direito a nova capa brasileira, com o Cristo Redentor no fundo... DEPLORÁVEL! Podiam pelo menos ter chamado um desenhista brasileiro pra desenhar a edição inteira! Ou no mínimo, se aconselhar com alguém que realmente já morou no Rio, ou mesmo passou um fim de semana por lá, pra não cometer absurdos, como Wolverine ser atacado por um TUBARÃO BRANCO, que emerge das água, quando ele vai fazer investigações em São Conrado; ou a caótica representação de Oscar Jimenez para o carnaval carioca. Isto não foi um exercício de imaginação, e sim uma enorme demonstração de preguiça ao pesquisar sobre o lugar a ser retratado numa história. Os livros de Michael Crichton (Parque dos Dinossauros) possuem cenários tão marcantes, pricinpalmente pelo fato de serem cenários REAIS. Para retratá-los, o autor faz uma detalhada pesquisa sobre cada aspecto do local.
Mas tudo bem, a Marvel é a Casa das Idéias, eles podem... além do mais, nos EUA quase todo mundo pensa que no Brasil a gente mora em árvores e fala espanhol.
Mas já estou me permitindo fugir do assunto... O rumo que toda essa exercitação (minha imaginação vai dormir alguns dias pra se recuperar) levou foi algo do tipo: "Imagine se o Universo Marvel fosse criado no Brasil". Nada de pegar o Roger Cruz pra desenhar, e o Joe Casey pra escrever... Vamos trabalhar com quem conhece o território. Façamos Watson Portela desenhar o Homem-Aranha, e Flavio Colin escrever Thor. Como ponto de partida, eu tive algumas idéiazinhas que seguem logo abaixo:
Tupã - O Deus do Trovão
"Tupã (no guarani) ou Tupana (no tupi) significa golpe sonoro ou estrondo, com o som onomatopaico representando a energia mística que sempre influenciou os indígenas."
- Fonte: Terra Mística"
Sabe-se já, há muito tempo, que os vikings puseram os pés nas Américas pelo menos 500 anos antes de Colombo. Foi Leif, filho de Erik, O Vermelho, quem desembarcou nas praias da "Vinlândia", e teve o primeiro contato com as civilizações indígenas. Roberto de Souza Causo, escritor, explorou esse fato em um conto, "A Sombra dos Homens", publicado na revista Dragão Brasil nº 5. Na história, o índio (ou ameríndio, para sermos politicamente corretos) Tajarê seguia o Anhagá (um veado mágico, branco e de galhos de ouro) numa missão para salvar a Terra: impedir que Sjala, a sacerdotisa de Loki (deus viking das mentiras) libertasse o príncipe das traições de sua prisão, localizada em algum lugar da Floresta Mágica.
Poderíamos ir ainda mais longe que Roberto de Souza Causo, e propor um encontro mais íntimo entre os dois povos. Imaginemos um grupo de exploradores desembarcando no território onde hoje seria o Brasil. Eles constroem uma pequena aldeia, ficam amigos dos nativos, e chegam a trocar conhecimentos. Erguem estelas e ídolos para venerar seus Deuses, como Thor e Odin, caçam animais desconhecidos por eles, aprendem o modo de lutar dos índios (ops... ameríndios, eu tinha esquecido), e enfim chega o dia de deixarem aquela terra. Os vikings partem, mas deixam para trás muitas coisas, como os ídolos construídos por eles, que passam a ser venerados pelos ameríndios também, que os chamam pelos nomes de seus prórpios Deuses.
Em uma antiga história da Marvel, explica-se que Donald Blake (o médico que originalmente possuía o poder de se transformar em Thor) nada mais era do que um constructo, um homem criado por Odin (ou copiado, melhor dizendo, duplicado de um humano que passou às vistas de Odin), e usado por este para aprisionar seu filho, que havia se tornado um Deus orgulhoso e arrogante. Tudo bem... Um dia Donald Blake acorda e descobre que existe, tem memórias de um passado que nunca existiu, tem documentos de uma pessoa que nunca nasceu, e uma matrícula na Universidade de Medicina que ninguém sabe quem fez... Tudo bem, nada precisa ser tão coerente, também... Mas por que logo nos EUA? Por que não numa das terras Islandesas, onde ainda corria o sangue dos guerreiros que veneraram aos Deuses Nórdicos no passado? Será que Odin acompanhava noticiário das oito, e pensou "vou mandar meu filho estudar nos EUA, pq lá é o país mais desenvolvido do mundo"?
Bom... Isso aqui era pra ser um exercício de imaginação, e não uma crítica ao que já foi feito... Mas na minha visão, Odin se inclinaria a enviar seu filho a uma terra onde os valores dos antigos vikings ainda existissem, por mais que um tanto distorcidos. Onde ainda houvessem pessoas que pedissem proteção aos Deuses, por mais que os chamassem por outros nomes. E qual seria o aprendizado para um Deus que já chega à Terra em forma adulta, com pouquíssimo tempo pra aprender?
Se Deus é brasileiro, por que o Deus do Trovão não pode ser?
O "meu" Thor, o Thor brasileiro, teria seu espírito unido por Odin ao de um bebê recém nascido (na cultura indígena, existem espíritos que se unem aos espíritos de animais e homens, como o Kanaíma, que é um homem que une seu espírito ao de uma onça, e vice-versa). Esse bebê cresceria, dentro de uma reserva indígena, e perceberia que é mais forte e inteligente que qualquer um de sua tribo. No início da adolescência, caminharia vários quilômetros para fora da reserva, até o vilarejo mais próximo, onde existia a única escola da região. Com orgulho, seria o primeiro da reserva a completar o segundo-grau. Às vésperas de atingir a maioridade, seria visitado por um espírito em sonhos, às vezes sob a forma de um pássaro negro, às vezes como uma onça pintada; que lhe imporia tentações: a chance de obter grande poder, glória e fortuna para sua tribo, com um mínimo esforço (mais tarde seria revelado na trama que esse espérito é na verdade Loki); mas o índio sempre resistiria. Poucas semanas depois, ele se perderia na mata fechada, e encontraria um dos templos erguidos pelos vikings. Ficaria embasbacado com os ídolos gigantescos, as estelas mágicas, e encontraria um antigo cetro, com pinturas rituais e adornado com penachos coloridos e pequenas esculturas feitas de osso. Manejando esse cetro, ele libertaria o poder de Tupã, o Deus do trovão: um índio alto e forte, de cabelos compridos caídos às costas, pinturas de guerra pelo corpo, e coberto por apenas um tapa-sexo, penas nos tornozelos, um cocar, e jóias de osso perfurando o lábio inferior e as orelhas. O cetro (uma lança, talvez), transformaria-se num martelo, mais parecido com um grande tacape, feito de pau-ferro e adornado com penas e pinturas rituais.
Tupã iria aprendendo mais sobre si mesmo, conforme fosse sendo confrontado com os seres mágicos da floresta, hoje escondidos por trás das muralhas urbanas, vivendo entre os homens, tentando encontrar em algum lugar, a mágica dos tempos passados.
Apesar de não ser o ramo dele, Carlos Klimick faria o roteiro, e quanto aos desenhos, tanto Eliane "Lilith" Bettocchi quanto Mário Alberto Lopes seriam indicados, tanto por conhecerem Klimick, quanto por já terem ambos trabalhado com o tema (lendas brasileiras).
O Homem (da mão) de Ferro
A origem do Homem de Ferro, originalmente, estava ligada ao Vietnã. Um estilhaço de uma mina ficou alojada junto ao seu coração, e ele precisou construir uma vestimenta especial para forçar seu coração a continuar batendo. Bom... Nós não tivemos o Vietnã, mas tivemos a ditadura.
O Homem de Ferro brasileiro seria um jovem burguês direitista, responsável por melhorar os equipamentos utilizados pela polícia militar durante manifestações políticas. Impulsivo, ele um dia resolveria assistir ao desempenho das tropas de perto, e no tumulto seria gravemente ferido por uma bomba de fabricação caseira, atirada pelos manifestantes. Extremamente inteligente e inventivo (para os padrões brasileiros da época), ele criaria um peitoral que fizesse por seu coração o que a medicina precária do país não pôde. E, obviamente, culparia os manifestantes por tudo isso.
Obcecado pela tecnologia, o Homem de Ferro utilizaria sua armadura para ajudar a polícia a conter manifestações, e contaria em seu arsenal com balas de impacto, bombas de gás lacrimogênio, e uma rede de alta tensão envolvendo a armadura, entre outras coisinhas. A idéia é mostrar o ambiente político do brasil-ditadura, enfocando o desejo de um homem pela tecnologia, e os seus ideais anti-revolucionários (o que faria do Homem de Ferro praticamente o vilão da história). O homem por trás da máscara apareceria cada vez menos, e aos poucos a história viria a enfocar os estudantes e as milícias clandestinas, seus planos contra o Homem de Ferro, e seus ideais de um Brasil democrático. Após o fim da ditadura, o Homem de Ferro sumiria por alguns anos, até voltar em meados da década de 90, combatendo traficantes e sequestradores (e transformando a história numa crítica à sociedade brasileira, que fecha os olhos por conveniência, e hoje vê como grandes heróis, os vilões que nos torturaram no passado).
A história seria escrita por alguém que tenha trabalhado com o Pasquim, como Ziraldo ou Jaguar, e os desenhos ficariam por conta de Lourenço Mutarelli.
Mais visões brasileiras do Universo Marvel em breve ^_^
- Felipe Meyer
- Publicitário, redator e pseudo-quadrinhista. Ser humano do gênero masculino mais perto dos 30 que dos 20. Gestor de conteúdo do Jornal de Debates. Formado em Comunicação Social pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Casado, pai de uma linda coleção de revistas em quadrinhos, exilado de Florianópolis e tentando fazer a vida em São Paulo, na Auszuglândia.
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